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CRIAÇÃO & CONSUMO
É proibido fazer
propaganda
FRANCESC PETIT
Cada vez mais os publicitários do mundo inteiro são tratados como bandidos: somos
os próprios vilões da história.
Proíbem a propaganda de cigarros, bebidas alcoólicas, uso
de crianças na propaganda,
uso de sexo, nus masculinos
ou femininos, proíbem a violência nos comerciais e os palavrões, enfim, na propaganda se acham no direito de
proibir absolutamente tudo.
Gostaria de saber qual a diferença que existe, em termos
de comunicação, entre a propaganda e a indústria mundial do cinema, que já não
chamam mais de arte cinematográfica e sim de "entretenimento". Por que então este
setor do mundo da comunicação tem o privilégio de ter todos os direitos sem cortes, sem
censura? Eles podem sim mostrar gente fazendo sexo explícito de toda modalidade, homem com homem, mulher
com mulher, mulher e homem
e daí todas as fantasias sexuais, podem mostrar gente
consumindo drogas, fumando
haxixe, marijuana, usando
cocaína ou levando uma picada de heroína ou morfina.
Eles também podem mostrar
todas as atrocidades sangrentas, mortes violentas, heróis
delinquentes, ídolos assassinos, gente famosa sem nenhum escrúpulo, corruptos
vencedores, ladrões bem sucedidos.
No cinema tudo é permitido
em nome da "arte", que é
financiada por grandes marcas internacionais que fazem
merchandising em tais filmes.
É claro que ainda existem cineastas que realizam filmes
feitos com arte e que ninguém
patrocina nem exibe -e muito menos recebem Oscar.
Mas o resto é indústria mesmo para faturar e basta. Arte
é coisa para ingênuos. Filmes
para faturar têm que ter sexo,
violência, sangue e efeitos especiais para serem exibidos
para crianças de 2 a 70 anos
nos cinemas e na televisão e
ninguém reclama.
E nós, pobres publicitários,
se continuarmos assim vamos
acabar trabalhando num convento de freiras, fazendo figurinhas para serem vendidas
nos dias santos e pagando os
pecados que cometemos na
nossa vida profissional. Acho
que é uma bela causa para as
entidades de classe se unirem
para acabar com esta bobagem de proibir tudo o que a
propaganda cria com muita
arte.
Francesc Petit, 62, publicitário, é sócio-diretor da DPZ Propaganda.
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