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Força prepara protesto contra fim de direitos
DA REPORTAGEM LOCAL
A Força Sindical promete reunir entre 3.000 e 4.000 metalúrgicos de São Paulo, Guarulhos e São
Caetano do Sul em protesto que
deverá ocorrer na próxima terça
contra os juros altos e a política
econômica do governo Lula.
A manifestação foi marcada
após a Força Sindical receber de
um grupo de empresários paulistas do setor metalúrgico uma
pauta em que pedem o corte de
direitos trabalhistas -como o
fim do descanso semanal remunerado. A redução de direitos -e
dos custos trabalhistas- é colocada pelas empresas como alternativa para enfrentar a crise no setor e a retração nas vendas, que
em alguns ramos chega a 35%.
Caso contrário, dizem, terão de
demitir. A CUT também rejeitou
a pauta dos empresários.
Para marcar sua posição contra
as medidas econômicas do governo, os trabalhadores da Força vão
se concentrar em frente à estação
Armênia do metrô (zona norte) e
de lá seguem em passeata até o
prédio do Ministério da Fazenda,
na avenida Prestes Maia (centro).
O protesto deve acontecer no
mesmo dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária do
Banco Central) vai se reunir em
Brasília. "Se o governo não adotar
medidas urgentes para a economia voltar a crescer, a crise evidenciada no setor metalúrgico,
que entregou sua pauta pedindo a
redução de direitos dos trabalhadores, vai se expandir e se generalizar", disse Paulo Pereira da Silva,
presidente da Força Sindical.
Além do não-pagamento dos
domingos e dos feriados, os empresários também querem a redução do valor do adicional noturno, de 35% para 20%, a suspensão temporária do contrato de
trabalho (por períodos superiores
a cinco meses), o parcelamento
do pagamento e a concessão de
férias, e a revisão dos acordos para repor perdas da inflação.
Paulinho disse que esteve ontem na empresa Aratel, fabricante
de botijões de gás, e os trabalhadores de lá "não querem nem saber de pauta para reduzir direitos". A empresa, segundo ele, tem
700 funcionários e vai conceder
férias para cerca de 150 por causa
de queda nas vendas.
"Os trabalhadores me questionaram sobre juros altos e sua relação com o emprego. Depois das
explicações, senti que ficaram indignados com o governo Lula",
afirmou o sindicalista.
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo, Eleno
José Bezerra, disse que diversas
empresas continuam procurando
a entidade para discutir alternativas às demissões. "Mas em algumas fábricas a situação é tão grave
que não há negociação. A metalúrgica Louzano [fabricante de
fios] demitiu 50 dos 500 trabalhadores na semana passada. Se o governo não mudar de rota, não há
o que fazer."
(CR)
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