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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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Força prepara protesto contra fim de direitos

DA REPORTAGEM LOCAL

A Força Sindical promete reunir entre 3.000 e 4.000 metalúrgicos de São Paulo, Guarulhos e São Caetano do Sul em protesto que deverá ocorrer na próxima terça contra os juros altos e a política econômica do governo Lula.
A manifestação foi marcada após a Força Sindical receber de um grupo de empresários paulistas do setor metalúrgico uma pauta em que pedem o corte de direitos trabalhistas -como o fim do descanso semanal remunerado. A redução de direitos -e dos custos trabalhistas- é colocada pelas empresas como alternativa para enfrentar a crise no setor e a retração nas vendas, que em alguns ramos chega a 35%. Caso contrário, dizem, terão de demitir. A CUT também rejeitou a pauta dos empresários.
Para marcar sua posição contra as medidas econômicas do governo, os trabalhadores da Força vão se concentrar em frente à estação Armênia do metrô (zona norte) e de lá seguem em passeata até o prédio do Ministério da Fazenda, na avenida Prestes Maia (centro).
O protesto deve acontecer no mesmo dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) vai se reunir em Brasília. "Se o governo não adotar medidas urgentes para a economia voltar a crescer, a crise evidenciada no setor metalúrgico, que entregou sua pauta pedindo a redução de direitos dos trabalhadores, vai se expandir e se generalizar", disse Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.
Além do não-pagamento dos domingos e dos feriados, os empresários também querem a redução do valor do adicional noturno, de 35% para 20%, a suspensão temporária do contrato de trabalho (por períodos superiores a cinco meses), o parcelamento do pagamento e a concessão de férias, e a revisão dos acordos para repor perdas da inflação.
Paulinho disse que esteve ontem na empresa Aratel, fabricante de botijões de gás, e os trabalhadores de lá "não querem nem saber de pauta para reduzir direitos". A empresa, segundo ele, tem 700 funcionários e vai conceder férias para cerca de 150 por causa de queda nas vendas.
"Os trabalhadores me questionaram sobre juros altos e sua relação com o emprego. Depois das explicações, senti que ficaram indignados com o governo Lula", afirmou o sindicalista.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno José Bezerra, disse que diversas empresas continuam procurando a entidade para discutir alternativas às demissões. "Mas em algumas fábricas a situação é tão grave que não há negociação. A metalúrgica Louzano [fabricante de fios] demitiu 50 dos 500 trabalhadores na semana passada. Se o governo não mudar de rota, não há o que fazer." (CR)


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