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ANO DO DRAGÃO
Reajuste deveria ser de 29%, mas governo vai atender pedidos das empresas para redução de custos
Telefone subirá entre 14% e 17% em julho
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal negocia um
reajuste de 14% a 17% para a telefonia fixa em julho, em vez dos
29% contratuais a que as concessionárias têm direito. Em troca,
deverá atender pedidos feitos pelas empresas para diminuir seus
custos.
A avaliação da equipe econômica, explicada às operadoras pelo
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), mostra que o impacto
inflacionário do reajuste dos telefones, se os contratos forem levados ao pé da letra, será tão grande
que poderá causar perdas ao próprio setor.
Na primeira reunião com os
empresários para tratar do tema,
na terça-feira, Palocci gastou cerca de 20 minutos para chegar à seguinte conclusão: se o reajuste ficar acima de 20% não interessa ao
governo fazer acordo com as concessionárias. O foco do ministro
foi o impacto dos aumentos na taxa de inflação.
De acordo com os contratos, o
aumento médio das tarifas deveria ser de 29% em julho. Os preços
são reajustados anualmente com
base no IGP-DI, que fechou em
30,05% no acumulado dos últimos 12 meses, descontado um índice de produtividade de 1%. Isso
representa um aumento de 1,2
ponto percentual na inflação medida pelo IPCA.
O raciocínio de Palocci é o seguinte: se os preços forem reajustados pelo que prevê os contratos,
a inflação subiria, o que poderia
prejudicar a empresa e até mesmo
elevar a inadimplência.
Nota oficial
Ontem, os secretários de Política Econômica, Marcos Lisboa, de
Direito Econômico, Daniel Goldberg, e de Telecomunicações, Pedro Jayme, que conduzem as negociações pelo governo, divulgaram nota afirmando que as empresas aceitaram "o fracionamento do reajuste de tarifas que impactam diretamente a vida dos
consumidores".
Segundo a Folha apurou, o reajuste deve ser dividido em duas
vezes. A primeira será em julho,
como está previsto nos contratos
de concessão. A segunda, em janeiro de 2004.
O governo negocia o aumento
anual com as empresas desde terça-feira. Desde ontem, a "amarração final" está nas mãos da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), segundo o ministro
Miro Teixeira (Comunicações).
Para aceitar um reajuste menor
que o previsto, as empresas fizeram propostas para redução de
seus custos. A agência faz, agora,
o cálculo do que representa no orçamento das companhias o não-cumprimento de alguns compromissos.
Um exemplo relatado à Folha:
se a empresa "x" deixar de instalar
"y" telefones públicos (orelhões)
poderá economizar e terá assegurado o equilíbrio financeiro mesmo com o reajuste menor nos
preços.
"Respeitável público"
Para não passar a imagem de
"quebra de contratos" -que o
governo petista tenta evitar a todo
custo-, uma das saídas em estudo é deixar com operadoras a definição do aumento efetivo de
preços, mas que ficaria na média
abaixo dos 20%.
Isso significa que as concessionárias requisitariam à Anatel o
reajuste das tarifas com base no
IGP-DI. Mas, na prática, anunciariam promoções em que o preço
final seria aquele combinado com
o governo.
"A Anatel recebe o pedido de
reajuste com base nos contratos e
as operadoras anunciam ao respeitável público que aplicarão
abaixo do índice", disse Miro.
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