São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Corte nas linhas de financiamento põe empresa em situação drástica

ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

A situação dos exportadores que necessitam de crédito já é drástica. Segundo bancos ouvidos pela Folha, a redução de linhas de financiamento às exportações já varia de 50% a 70%.
As principais instituições financeiras que atuam nesse segmento dizem que os leilões de linha externa feitos pelo Banco Central nem sequer são suficientes para atender à demanda das empresas que necessitam pagar suas dívidas no mercado externo. Nesse cenário, confirmam, os exportadores realmente têm ficado de fora. A especulação de algumas instituições tem contribuído para piorar a situação, avaliam os analistas.
O diretor de uma corretora de câmbio conta que não conseguiu fechar um contrato de ACC (principal modalidade de crédito à exportação) para uma empresa de primeira linha do setor de mineração. Segundo o diretor, a empresa queria fechar um contrato de US$ 1,5 milhão, mas os bancos consultados aceitaram cotar apenas US$ 500 mil. Para o negócio, pediram taxas superiores a 10% ao ano. Há dois meses, as taxas para o mesmo negócio não superavam 3% ao ano.
O diretor da área internacional de um banco estrangeiro afirma que a matriz não tem autorizado o fechamento de novos pedidos de crédito. Mesmo antigos clientes do banco têm tido dificuldades para conseguir crédito.
A única saída que poderia aliviar esse problema é a prometida atuação direta do BC no fornecimento de crédito aos exportadores. A grande dúvida do mercado é como o BC realizaria a operação. Segundo o diretor de comércio exterior de um importante banco, o repasse feito diretamente pelo BC às empresas é praticamente inviável, uma vez que a instituição não tem estrutura para isso.
A distribuição dessas linhas pelos bancos dificilmente seria suficiente para atender à demanda do setor exportador. Para analistas, o provável seria que os bancos segurassem parte desses recursos para aumentar suas próprias aplicações em dólar. E os exportadores continuariam a ver navios.
A saída, dizem analistas, seria o repasse das linhas extras pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ou pelo Banco do Brasil diretamente aos exportadores.


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