São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Dólar sobe mais 0,47% e custa R$ 3,17

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar encerrou o dia ontem com leve alta, de 0,47%, vendido a R$ 3,17. Segundo operadores, o Banco Central teria feito consultas ao mercado para vender a moeda por pelo menos três vezes.
A autoridade monetária, no entanto, não confirmou a venda da moeda ontem. Dessa forma, é possível avaliar que apenas as consultas aos "dealers" (instituições financeiras credenciadas pelo BC) sobre a demanda e uma possível venda seguraram a cotação. O dólar chegou a subir 3,5%.
Neste ano, o BC já gastou aproximadamente US$ 2,6 bilhões em suas intervenções no mercado de câmbio. O valor não inclui as vendas feitas de sexta até anteontem, cujos valores ainda não foram oficialmente divulgados. Na quinta, primeiro dia de negócios após o fim das intervenções diárias de US$ 50 milhões, que eram feitas desde o mês passado, o BC vendeu cerca de US$ 150 milhões no mercado de câmbio. Operadores também afirmaram ontem que o governo teria comprado C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, aproveitando-se do baixo preço atingido pelo papel.
O C-Bond caiu 1,4%, desvalorização menor do que os 4,3% de segunda. O risco-país também fechou com depreciação menor. O índice Embi+, do JP Morgan, subiu 2,8%, para 2.284 pontos -alta de 10,8% na segunda.
Não teve forte influência nas negociações a informação de que o BC deverá oferecer crédito para as empresas em dólares -o mercado espera por uma linha concreta. O nervosismo da manhã foi atribuído ao rebaixamento da nota da dívida brasileira anunciado pela Moody's na segunda à noite.
O dia também foi de especulação em torno da pesquisa Ibope. O mercado trabalhava com a hipótese de o candidato do governo, José Serra (PSDB), ter subido um ou dois pontos. Também houve o boato de que, se eleito, Ciro Gomes (PPS) manteria o atual presidente do BC, Armínio Fraga, no cargo por seis meses. O boato foi desmentido por Ciro.
O BC continuou com a rolagem dos US$ 2,5 bilhões em títulos cambiais que vencem amanhã. Até ontem, já havia rolado US$ 1,535 bilhão em "swaps" cambiais (espécie de seguro contra a variação do dólar). Os contratos colocados, como na segunda, foram de curtíssimo prazo, com vencimento em 2 de setembro. As taxas ficaram próximas de 29%. O resultado da operação demonstra que o mercado exige taxas maiores e prazos mais curtos para aceitar os papéis, pois quer se desfazer do risco eleitoral.


Com a Sucursal de Brasília


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