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ARTIGO
A melhor aposta da Basiléia é manter a simplicidade
JOSEF ACKERMANN
DANIEL BOUTON
ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"
O acordo de capitalização da Basiléia vem sendo um dos pilares centrais dos
requerimentos regulatórios dos
bancos já há 15 anos. Desempenhou papel importante no
apoio ao crescimento macroeconômico e à estabilidade financeira, beneficiando bancos e
consumidores.
O período oficial para comentar sobre a proposta de uma reforma em sua estrutura, conhecida como Basiléia 2, já se encerrou. Mas, caso o novo acordo
pretenda atingir seus objetivos e
criar um sistema significativo e
sensível a riscos, ainda é necessário que sejam realizadas mudanças em quatro áreas fundamentais: adoção de ferramentas
de administração de riscos cíclicos; simplificação e enxugamento; calibragem e incentivos; e
coordenação regulatória.
Acreditamos que o Basiléia 2
seja viável desde que as preocupações restantes sejam resolvidas de maneira apropriada.
Primeiro, a nova proposta restringe o uso de ferramentas que
os bancos empregam para administrar as oscilações causadas
pelos ciclos econômicos. O resultado pode ser um aumento
da instabilidade quando os bancos ampliam seus empréstimos
em momentos favoráveis e os
restringem nos desfavoráveis.
O acordo deveria permitir que
os bancos empregassem modelos internos de risco para quantificar os benefícios da condução de operações diversificadas.
As autoridades regulatórias e
contábeis que supervisionam o
setor bancário também precisam trabalhar juntas para criar
um tratamento consistente das
provisões para empréstimos.
Harmonizar os padrões servirá
para melhorar a qualidade dos
balanços e para fomentar uma
compreensão mais clara dos
perfis de risco dos bancos.
Segundo, o novo acordo deveria ser simplificado de maneira a
permitir que os bancos implementem com eficiência as exigências regulatórias. Regras detalhadas em excesso podem levar a casos de arbitragem regulatória e impor fardos desnecessários aos bancos e seus clientes.
Terceiro, os resultados do
mais recente estudo de impacto
quantitativo solicitado pelo Comitê da Basiléia demonstram
que as provisões regulatórias de
capital podem até aumentar caso sejam adotadas técnicas mais
sofisticadas de administração de
riscos. Além disso, o novo acordo não leva em conta devidamente a baixa probabilidade de
inadimplência em carteiras como as de títulos de dívida soberana e exposição interbancária,
e tampouco fornece incentivo
adequado para que os bancos
adotem abordagens avançadas
quanto à administração dos riscos operacionais.
Por fim, o novo acordo deveria tentar reduzir o ônus regulatório, para os bancos, e reduzir
os riscos de competição entre
agências regulatórias. Caso não
seja estabelecido um mecanismo de coordenação entre as
agências de fiscalização, poderemos ter exigências exageradas
de adequação para os bancos internacionais, o que solaparia os
objetivos da reforma.
A administração de riscos adequada surge quando um banco
que se beneficia de diferentes linhas de negócios e de diversidade geográfica passa a ser considerado como um todo. Uma estrutura regulatória simplificada
deveria reconhecer esses benefícios e oferecer incentivos à melhora da administração de risco
no nível do comando e em cada
uma das unidades de negócios.
Josef Ackermann é presidente do
conselho executivo do Deutsche Bank
e do Instituto de Finanças Internacionais (IIF). Daniel Bouton é presidente
do Société Générale e do comitê de
orientação sobre requerimentos de capital no IIF.
Tradução de Paulo Migliacci
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