São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Lucro de bancos sobe 43% até junho e atinge R$ 22,2 bi

Receita com cobrança de tarifas cresce 20%, aponta balanço geral feito pelo BC

Mudança de regra contábil diminuiu a despesa das instituições financeiras com tributação e ampliou os resultados no 1º semestre

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma mudança na legislação tributária reduziu a despesa dos bancos com impostos e impulsionou o lucro do sistema financeiro no primeiro semestre deste ano. Segundo levantamento do Banco Central, os ganhos do setor somaram R$ 22,2 bilhões entre janeiro e junho, valor 43% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
No mesmo período, as despesas das instituições financeiras com Imposto de Renda e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) caíram quase pela metade: de R$ 6,421 bilhões para R$ 3,497 bilhões.
Os números apurados pelo BC incluem todo o sistema financeiro, que, além dos bancos, é formado por bancos de desenvolvimento (como o BNDES) e cooperativas de crédito.
Esse movimento se explica, principalmente, pelo novo tratamento contábil dado aos chamados créditos tributários. Esses créditos permitem que empresas paguem menos impostos em determinados anos para compensar prejuízos registrados no passado.
Inicialmente, os bancos tinham até cinco anos para usar esses créditos. Ou seja, depois de apurado o prejuízo, a instituição financeira ganhava direito a um "desconto" nos seus tributos que poderia ser usado em, no máximo, cinco anos.
Em março passado, porém, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aumentou esse prazo de cinco para dez anos. Com isso, muitos bancos -especialmente os públicos- puderam se beneficiar de créditos tributários que já estavam vencidos.
O mais beneficiado com a mudança foi o Banco do Brasil, que, graças a esse procedimento contábil, teve no primeiro semestre o maior lucro de sua história: R$ 3,888 bilhões. Entre janeiro e junho do ano passado, o BB havia registrado despesas de R$ 1,129 bilhão com IR e CSLL. Desse valor, R$ 1,9 bilhão se refere a ganhos proporcionados pelo uso de créditos tributários. A Caixa Econômica Federal, por sua vez, reduziu de R$ 336 milhões para R$ 57 milhões suas despesas com esses dois tributos. No Itaú, a carga de IR e CSLL recuou de R$ 993 milhões para R$ 347 milhões.
Além da questão tributária, as maiores receitas obtidas com a concessão de empréstimos e com a cobrança de tarifas ajudaram a aumentar a rentabilidade das instituições.
A receita proporcionada pelos juros pagos nos empréstimos bancários, por exemplo, chegaram a R$ 81,944 bilhões no primeiro semestre, 20% a mais do que no mesmo período do ano passado. A cobrança de tarifas, por sua vez, rendeu R$ 23,822 bilhões ao sistema financeiro -um aumento também de 20%.
Já as despesas com pagamento de funcionários registraram uma pequena queda, passando de R$ 19,628 bilhões, uma redução de 4%. Por outro lado, o número de pessoas empregadas pelos 50 maiores bancos do país subiu, de acordo com o BC, de 506 mil para 523 mil, num sinal de que os menores gastos com mão-de-obra refletem um achatamento dos salários, e não uma redução de pessoal.

Safra passa HSBC
Ainda de acordo com o BC, a lista dos dez maiores bancos do país sofreu apenas uma alteração, com o Safra ultrapassando o HSBC e ganhando a oitava posição do ranking. A maior instituição financeira do país continua sendo o BB.


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