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Lucro de bancos sobe 43% até junho e atinge R$ 22,2 bi
Receita com cobrança de tarifas cresce 20%, aponta balanço geral feito pelo BC
Mudança de regra contábil diminuiu a despesa das instituições financeiras com tributação e ampliou os resultados no 1º semestre
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma mudança na legislação
tributária reduziu a despesa
dos bancos com impostos e impulsionou o lucro do sistema financeiro no primeiro semestre
deste ano. Segundo levantamento do Banco Central, os ganhos do setor somaram R$ 22,2
bilhões entre janeiro e junho,
valor 43% maior do que o registrado no mesmo período do
ano passado.
No mesmo período, as despesas das instituições financeiras
com Imposto de Renda e CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido) caíram quase
pela metade: de R$ 6,421 bilhões para R$ 3,497 bilhões.
Os números apurados pelo
BC incluem todo o sistema financeiro, que, além dos bancos,
é formado por bancos de desenvolvimento (como o BNDES) e
cooperativas de crédito.
Esse movimento se explica,
principalmente, pelo novo tratamento contábil dado aos chamados créditos tributários. Esses créditos permitem que empresas paguem menos impostos em determinados anos para
compensar prejuízos registrados no passado.
Inicialmente, os bancos tinham até cinco anos para usar
esses créditos. Ou seja, depois
de apurado o prejuízo, a instituição financeira ganhava direito a um "desconto" nos seus
tributos que poderia ser usado
em, no máximo, cinco anos.
Em março passado, porém, o
CMN (Conselho Monetário
Nacional) aumentou esse prazo
de cinco para dez anos. Com isso, muitos bancos -especialmente os públicos- puderam
se beneficiar de créditos tributários que já estavam vencidos.
O mais beneficiado com a
mudança foi o Banco do Brasil,
que, graças a esse procedimento contábil, teve no primeiro
semestre o maior lucro de sua
história: R$ 3,888 bilhões. Entre janeiro e junho do ano passado, o BB havia registrado despesas de R$ 1,129 bilhão com IR
e CSLL. Desse valor, R$ 1,9 bilhão se refere a ganhos proporcionados pelo uso de créditos
tributários. A Caixa Econômica
Federal, por sua vez, reduziu de
R$ 336 milhões para R$ 57 milhões suas despesas com esses
dois tributos. No Itaú, a carga
de IR e CSLL recuou de R$ 993
milhões para R$ 347 milhões.
Além da questão tributária,
as maiores receitas obtidas
com a concessão de empréstimos e com a cobrança de tarifas
ajudaram a aumentar a rentabilidade das instituições.
A receita proporcionada pelos juros pagos nos empréstimos bancários, por exemplo,
chegaram a R$ 81,944 bilhões
no primeiro semestre, 20% a
mais do que no mesmo período
do ano passado. A cobrança de
tarifas, por sua vez, rendeu R$
23,822 bilhões ao sistema financeiro -um aumento também de 20%.
Já as despesas com pagamento de funcionários registraram uma pequena queda,
passando de R$ 19,628 bilhões,
uma redução de 4%. Por outro
lado, o número de pessoas empregadas pelos 50 maiores bancos do país subiu, de acordo
com o BC, de 506 mil para 523
mil, num sinal de que os menores gastos com mão-de-obra refletem um achatamento dos salários, e não uma redução de
pessoal.
Safra passa HSBC
Ainda de acordo com o BC, a
lista dos dez maiores bancos do
país sofreu apenas uma alteração, com o Safra ultrapassando
o HSBC e ganhando a oitava
posição do ranking. A maior
instituição financeira do país
continua sendo o BB.
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