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VINICIUS TORRES FREIRE
O grande segredo alckmista
Faltam 15 dias para acabar a
campanha e tucanos não
mostraram nem uma ficção
programática à la Lula-PT
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UM PROGRAMA de governo jamais é só aquele folheto em
tecnocratês aguado que os
candidatos costumam distribuir,
embora folhetos melhores contenham algumas respostas às questões centrais da administração.
O programa real aparece quando o
candidato nomeia claramente uns
três líderes político-intelectuais de
sua campanha, quando não desconversa sobre a meia dúzia de problemas de fato críticos e quando se percebe a conexão da candidatura com
forças sociais. Collor teve programa.
FHC também. Lula teve -era em
parte mentira e teve de refazê-lo em
meio ao caos de 2002, mas teve. Se
"Geraldo" tem um programa, ele
não ousa dizer seu nome.
Rumoreja que o nome do programa alckmista seja Yoshiaki Nakano,
grande economista e administrador
público. Mas, como nem "Geraldo" o
nomeou, resta o choque de indigestão provocado pela gororoba do teatrinho eleitoral da TV e dos folheto
alckmistas, ainda incompletos.
Quanto a forças sociais, mesmo a
adesão inicial de alguns empresários
decorria do odor de santidade conservadora limpinha de Alckmin, pois
sua candidatura não poderia ser reação a um programa esquerdista do
lulismo, um moinho de vento. A adesão era, em geral, alergia da comunhão paulista a arrivistas com cara de
pobre que subiram ao governo.
Mas Alckmin é a cara da alta classe
média paulista, fração mínima do
eleitorado. Para essas pessoas, o governo em Brasília é um estorvo cobrador de impostos, do qual pouco
dependem. "Geraldo" é a caricatura
dessa classe e resume seu programa
verbal a gestão e menos imposto.
O país está perto da marca do pênalti fiscal. Como baixar imposto?
Com choque de gestão. Se Alckmin
baixar os impostos em um ponto
percentual do PIB, terá de fazer um
choque de gestão de R$ 20 bilhões
(mais de dois Bolsa-Família), não
aumentar o gasto em mais nada e
não fazer reduções adicionais da dívida.
Mas nos folhetinhos constam as
benevolências gasosas de praxe
(mais gasto em educação, saúde etc.).
Dá para fazer algo? Dá. Mas quem vai
perder? Alckmin vai mexer na Previdência? No Bolsa-Rural? Vai desvincular gastos obrigatórios? Fazer mais
superávit? Menos juros? Se tirar imposto de empresa, vai cobrar mais na
renda? Na riqueza?
Até o tecnocratês dos folhetos é
fraco. O pior problema da educação é
a escola ruim dos meninos pobres,
quase todos. Para melhorar, precisariam de mais tempo na escola, mais
livro, mais professor e não morar em
muquifos. Para tanto, é preciso prioridade claríssima, mas do colégio à
universidade tudo vai melhorar. Como? E currículo? Ninguém trata disso. Escola é o que se ensina. Vai mexer no enciclopédico currículo nacional, que diz ensinar números complexos, mas forma colegiais que não
sabem regra de três?
Transporte? O programa do candidato dos empreendedores não cita a
expressão privatização de estradas.
Levar ciência a empresas? Sem programa. A política de comércio vai
continuar no neoprotecionismo?
Sem programa. Banco Central e bancos vão ficar na mesma, com a decrépita lei de 40 anos, hoje norma do vale-tudo? Sem programa. Vai mexer
na lei do trabalho?
Dizem que o programa sai semana que vem: será uma página virada.
vinit@uol.com.br
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