São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Dívida interna cresce R$ 25 bi em agosto

Alta foi gerada pelo peso dos juros e pela maior procura do mercado por títulos federais; endividamento já chega a R$ 1,039 tri

Por outro lado, houve uma melhora no perfil do débito; parcela de títulos com remuneração prefixada subiu de 30,4% para 31,5%

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento do apetite dos investidores por títulos federais, combinado ao peso dos juros sobre o estoque de papéis em poder do mercado, provocou um crescimento de R$ 25,08 bilhões na dívida pública em agosto. Com a elevação de 2,47% em relação a julho, o endividamento interno em títulos já chega a R$ 1,039 trilhão.
Apesar de o Banco Central vir reduzindo a taxa Selic desde setembro do ano passado, os juros continuam exercendo forte pressão sobre o total da dívida. Em agosto, o impacto foi de R$ 12,58 bilhões. "Pelo menos esse peso não tem aumentado. O total de títulos atrelados à Selic ainda é muito grande. Ainda vai levar um tempo para reduzir esse impacto", disse o coordenador de Operações da Dívida Pública, Manuel Augusto Silva.
O Tesouro Nacional explica que no mês passado o ambiente foi "positivo" para a administração da dívida pública, permitindo uma elevada colocação (líquida) de papéis no mercado -R$ 12,5 bilhões. Essas emissões concentraram-se, sobretudo, em títulos prefixados, contribuindo para melhorar a composição do estoque.
"Em agosto, houve redução da volatilidade externa por causa da interrupção da elevação dos juros nos EUA. O cenário doméstico foi bastante positivo, com baixos índices de inflação, manutenção dos resultados favoráveis das contas externas e melhoria da percepção de risco. A soma disso criou um ambiente positivo para o gerenciamento da dívida", disse.
Ele destacou que a melhora no humor dos investidores em agosto também propiciou um reequilíbrio do mercado de papéis corrigidos por índices de preços. Esse movimento já havia se esboçado em julho, mas ganhou força no mês passado. Foram emitidos R$ 6,5 bilhões em NTN-Bs. Esse mercado é considerado fundamental pelo Tesouro na sua estratégia de alongamento da dívida pública.

Composição
Com as emissões de agosto, a parcela de títulos com remuneração prefixada aumentou de 30,4% para 31,5%. Quanto maior essa fatia, melhor para o governo. Há maior previsibilidade na administração da dívida, evitando sobressaltos em eventuais altas da taxa de juros.
Já a parcela atrelada à Selic diminuiu de 43,2% em julho para 42,5% no mês passado. A aposta do Tesouro é que esse percentual caia para um patamar próximo de 39% até o final do ano. No caso dos papéis atualizados por índices de preços, foi percebido um discreto recuo de 21,9% para 21,6%. Manteve-se praticamente estável a parcela cambial da dívida.
A forte colocação de títulos corrigidos por índices de preços (cujos prazos são mais longos) em agosto fez ainda com o que o prazo médio das emissões realizadas no mês pulasse de 28,5 meses, em julho, para 38,5 meses, em agosto. As colocações também incluíram títulos prefixados ou corrigidos pela Selic com prazos maiores.
Mesmo assim, o prazo médio de vencimento do estoque da dívida caiu de 30 para 29,8 meses. A parcela de títulos a vencer em 12 meses também teve recuo: foi de 41,2% para 39,2%, segundo o Tesouro.


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