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"ESPETÁCULO" DO CRÉDITO
Apenas R$ 3,6 milhões são emprestados por BB e CEF
Só 1,8% dos R$ 200 mi para eletrodoméstico é liberado
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O programa de financiamento
de eletrodomésticos de R$ 200
milhões com recursos do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador), lançado com estardalhaço
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva no dia 18 de setembro,
ainda não decolou.
Dos R$ 200 milhões, o Banco do
Brasil e a Caixa Econômica Federal só liberaram até agora R$ 3,6
milhões. Ou seja, quase dois meses depois do lançamento da linha
de crédito, os bancos oficiais só
conseguiram emprestar 1,8% dos
recursos à disposição para a compra de fogão, geladeira, TV e máquina de lavar roupa.
A nova linha de crédito foi criada com o objetivo de melhorar as
vendas na indústria de eletrodomésticos, que, no primeiro semestre, registravam quedas expressivas em relação ao ano passado. O programa do governo
oferece condições favoráveis: juros de 2,53% ao mês e prazo de
pagamento de até 36 meses.
Apesar dessas condições, não
houve uma corrida a essas linhas
para a compra de eletrodomésticos, como se esperava. Mesmo assim, o setor registrou um crescimento significativo nas vendas
em setembro, superior a 20% em
relação ao ano passado, de acordo
com números da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes
de Produtos Eletroeletrônicos).
Paulo Saab, presidente da Eletros, diz que esses números precisam ser vistos com cuidado. A base de comparação, setembro de
2002, foi muito baixa. Foi o pior
mês da crise do ano passado,
quando o dólar chegou a R$ 4,00 e
a economia bateu no fundo do
poço. A confirmação da recuperação da economia depende dos
números de outubro.
Saab atribui esse baixo desempenho do programa de financiamento de eletrodoméstico à falta
de uma campanha publicitária do
governo para divulgar a existência desse crédito.
O vice-presidente do Banco do
Brasil, Edson Monteiro, diz que
não foi feita nenhuma campanha
específica até agora porque a margem de lucro dessa linha é muito
baixa. Ela não remunera os gastos
com publicidade.
Conscientes do baixo desempenho até agora, o Banco do Brasil e
a CEF começam a tomar algumas
medidas para incentivar o uso da
linha de crédito. O BB, por exemplo, fechou uma parceria com o
Pão de Açúcar para a venda de
produtos da Gradiente e da Brasmotor para fazer com que o consumidor contraia o empréstimo
na própria loja, o que evita a burocracia de ir à agência bancária. O
banco também está em negociações com outras redes, como
Ponto Frio e Arapuã.
A CEF dará partida a uma ampla campanha publicitária, a partir do dia 30, para divulgar todas
suas linhas de crédito, inclusive a
de eletrodomésticos. Além disso,
também está preparando o envio
de uma mala direta para 200 mil
clientes com informações sobre as
linhas de crédito.
Com essas medidas e o aquecimento das vendas de fim de ano, o
vice-presidente de rede da CEF,
João Carlos Garcia, espera que a
linha de crédito seja totalmente
utilizada até 31 de dezembro.
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