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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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"ESPETÁCULO" DO CRÉDITO

Apenas R$ 3,6 milhões são emprestados por BB e CEF

Só 1,8% dos R$ 200 mi para eletrodoméstico é liberado

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O programa de financiamento de eletrodomésticos de R$ 200 milhões com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), lançado com estardalhaço pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 18 de setembro, ainda não decolou.
Dos R$ 200 milhões, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal só liberaram até agora R$ 3,6 milhões. Ou seja, quase dois meses depois do lançamento da linha de crédito, os bancos oficiais só conseguiram emprestar 1,8% dos recursos à disposição para a compra de fogão, geladeira, TV e máquina de lavar roupa.
A nova linha de crédito foi criada com o objetivo de melhorar as vendas na indústria de eletrodomésticos, que, no primeiro semestre, registravam quedas expressivas em relação ao ano passado. O programa do governo oferece condições favoráveis: juros de 2,53% ao mês e prazo de pagamento de até 36 meses.
Apesar dessas condições, não houve uma corrida a essas linhas para a compra de eletrodomésticos, como se esperava. Mesmo assim, o setor registrou um crescimento significativo nas vendas em setembro, superior a 20% em relação ao ano passado, de acordo com números da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).
Paulo Saab, presidente da Eletros, diz que esses números precisam ser vistos com cuidado. A base de comparação, setembro de 2002, foi muito baixa. Foi o pior mês da crise do ano passado, quando o dólar chegou a R$ 4,00 e a economia bateu no fundo do poço. A confirmação da recuperação da economia depende dos números de outubro.
Saab atribui esse baixo desempenho do programa de financiamento de eletrodoméstico à falta de uma campanha publicitária do governo para divulgar a existência desse crédito.
O vice-presidente do Banco do Brasil, Edson Monteiro, diz que não foi feita nenhuma campanha específica até agora porque a margem de lucro dessa linha é muito baixa. Ela não remunera os gastos com publicidade.
Conscientes do baixo desempenho até agora, o Banco do Brasil e a CEF começam a tomar algumas medidas para incentivar o uso da linha de crédito. O BB, por exemplo, fechou uma parceria com o Pão de Açúcar para a venda de produtos da Gradiente e da Brasmotor para fazer com que o consumidor contraia o empréstimo na própria loja, o que evita a burocracia de ir à agência bancária. O banco também está em negociações com outras redes, como Ponto Frio e Arapuã.
A CEF dará partida a uma ampla campanha publicitária, a partir do dia 30, para divulgar todas suas linhas de crédito, inclusive a de eletrodomésticos. Além disso, também está preparando o envio de uma mala direta para 200 mil clientes com informações sobre as linhas de crédito.
Com essas medidas e o aquecimento das vendas de fim de ano, o vice-presidente de rede da CEF, João Carlos Garcia, espera que a linha de crédito seja totalmente utilizada até 31 de dezembro.


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