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FORA DO FUNDO
Anúncio do país de antecipar pagamento não causa surpresa
FMI aprova decisão e elogia política econômica de Lula
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Rodrigo Rato, aprovou ontem a decisão do Brasil de quitar sua dívida, elogiou o fortalecimento da
economia do país e deixou abertas as portas da instituição para
novas parcerias, em especial na
área de investimentos públicos.
Segundo funcionários do Fundo
ouvidos pela Folha, o anúncio
brasileiro já era esperado e não
causou surpresa.
"Essa decisão reflete o fortalecimento da posição externa do Brasil, em especial os recorrentes superávits comerciais e de conta
corrente e as fortes entradas de
capital, que aumentaram muito
as reservas e reduziram a dívida
externa", analisou Rato em nota
divulgada pelo FMI.
A relação do Fundo com a equipe econômica de Luiz Inácio Lula
da Silva sempre caminhou bem,
com elogios por parte do FMI e
decisões ortodoxas de Brasília.
Foi assim, por exemplo, em julho,
quando o Ministério da Fazenda
anunciou que pagaria US$ 3,42
bilhões em SRF (Supplement Reserve Facility, linha de crédito
emergencial), que devia ao FMI.
Ontem, Rato voltou a tecer boas
palavras sobre a condução econômica do país.
"Mais fundamentalmente, as
excelentes credenciais do gerenciamento da política pelas autoridades brasileiras forneceram a
base para a consolidação da confiança do mercado, a melhora
sustentável da performance econômica e o aperfeiçoamento do
perfil das dívidas doméstica e externa", anotou o diretor-gerente.
Para o FMI, segundo apurou a
Folha, importa muito que o Brasil
tenha decidido quitar o acordo de
stand-by que mantinha com a
instituição desde 2002, quando as
previsões de instabilidade política
sobre uma eventual vitória do PT
amedrontaram os mercados e o
governo FHC resolveu fechar um
novo acordo com o Fundo. Importa porque o Fundo recebeu o
dinheiro emprestado de volta.
Embora não seja divulgado, o
que causou uma pequena preocupação ao FMI foi a decisão do governo Lula de anunciar que não
mais firmaria acordos com a instituição, enquanto corria a enorme dívida adquirida três anos antes. Em particular quando o governo enfrenta a tormenta política causada pelo caso "mensalão".
Na prática, o FMI sabe que sai
mais barato financeiramente e
menos desagradável politicamente ao Brasil buscar financiamento
direto no mercado. Assim, evita-se pelo menos o desconforto de
receber as missões do FMI ao
país, e por outro lado o Banco
Central pode atuar sem alarde.
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