São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

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Notícia derruba risco ao menor nível histórico

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A notícia de que o governo brasileiro vai antecipar o pagamento de dívidas com o FMI ajudou a empurrar o risco-país para seu menor nível histórico. O indicador fechou ontem a 311 pontos, em baixa de 1,58%.
"Essa decisão vem em linha com a estratégia de dissociar o passivo de pontos de instabilidade. E dívidas com o FMI são associadas a períodos de maior insegurança", afirma Roberto Padovani, economista da consultoria Tendências.
Para os grandes investidores internacionais, o fato de o Brasil quitar importante volume de dívidas que têm com o FMI pode significar que aplicar em ativos do país representa cada vez mais riscos menores.
Como o risco-país é uma espécie de termômetro da capacidade de um governo honrar suas dívidas, a maior credibilidade depositada no Brasil tende a derrubar o indicador.
E, quanto mais baixo o risco-país estiver, maiores são as facilidades de conseguir recursos emprestados no mercado internacional.
O dólar registrou valorização de 0,27% ontem, em seu quinto dia seguido de alta -nesse período, a moeda subiu 4,09%. No fim do dia, a divisa americana era vendida a R$ 2,266.
Analistas afirmam que o anúncio de pagamento antecipado da dívida com o Fundo Monetário Internacional ajudou a depreciar o real. Para os próximos dias, a tendência é o dólar seguir em alta.
Isso acontece porque parte das reservas internacionais do país serão usadas para pagar o Fundo. Assim, abre-se mais espaço para o governo adquirir dólares no mercado de câmbio.
Como a dívida de um país com o FMI é levada em conta na avaliação das agências de classificação de risco, o "rating" (nota de risco) brasileiro ganha chances mais fortes de ser elevado em breve. "À medida que vai diminuindo o nível de endividamento, os indicadores de solvência vão melhorando", afirma Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
As atuações freqüentes do Banco Central no mercado têm pesado na alta do dólar. Ontem, o BC retirou mais US$ 600 milhões do mercado futuro. A mesma quantidade poderá ser comprada hoje.
"O real tende a permanecer pressionado por conta da continuidade das intervenções do Banco Central no mercado cambial", avalia o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco.


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