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PAÍS DO "MENSALÃO"
Quatro caminhões-baú foram usados para levar produtos apreendidos no centro comercial da Augusta
Força-tarefa faz megablitz no Promocenter
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Operação Sagitário, realizada
para combater o comércio de produtos ilegais e evitar a sonegação
fiscal, fez ontem seu segundo alvo
em São Paulo: o Promocenter,
centro comercial da rua Augusta,
com faturamento estimado em
cerca de R$ 12 milhões mensais.
Durante sete horas, 430 fiscais
da Receita Federal e da Secretaria
da Fazenda do Estado de São Paulo e 160 policiais federais e militares permaneceram no local e
apreenderam quatro caminhões-baú em mercadorias. Foram necessários mil caixas e sacos (com
capacidade para cem litros cada
um) para acondicionar câmeras
fotográficas, produtos eletroeletrônicos, óculos, bolsas, relógios,
roupas e CDs piratas recolhidos
dos 140 estandes do Promocenter.
Iniciada há dez dias no Stand
Center, na avenida Paulista, a
Operação Sagitário deve se expandir nas próximas semanas para shoppings, galerias e outlets de
várias regiões da cidade.
"Cerca de 90% dessas mercadorias têm origem estrangeira e são
fruto de descaminho [contrabando] ou falsificação [pirateadas]. A
maior parte dos produtos estava
sem documentação fiscal", diz
Antonio Padova, auditor da Receita Federal e um dos coordenadores da força-tarefa. Na apreensão, os fiscais constataram que
10% das mercadorias eram nacionais, mas estavam sem comprovantes de recolhimento do ICMS.
Dos 140 boxes que funcionam
no Promocenter, 40 estavam sem
inscrição estadual. "Nosso maior
problema é combater a informalidade que existe dentro da formalidade. Isso porque mesmo que
um estabelecimento tenha inscrição na Fazenda, quem garante
que ele compra e vende com nota
fiscal e atua dentro da lei?", questiona Antonio Carlos de Moura
Campos, diretor-adjunto da Deat
(Diretoria Executiva de Administração Tributária) da Secretaria
da Fazenda. "É preciso um trabalho de permanente fiscalização,
que é o objetivo dessa operação."
A cada nova etapa da ação, a Receita, a Fazenda paulista e a PF
prometem ocupar o local e manter a fiscalização, como fizeram
com o Stand Center. "Só dessa
forma será possível evitar que o
comércio ilegal reassuma suas atividades", diz Rodrigo Leão, delegado da Divisão de Repressão a
Crimes Fazendários da PF.
A força-tarefa identificou que as
mercadorias que abastecem o
Promocenter estão guardadas em
apartamentos e escritórios de fachada nas proximidades do local.
Os produtos ilegais entram no
país principalmente por Foz do
Iguaçu ou são trazidos em aviões
de pequeno porte que pousam em
aeroclubes de todo o país.
Os lojistas têm 30 dias para
comprovar a origem dos produtos e apresentar a documentação
fiscal. "Apenas 2% dos lojistas devem reclamar essas mercadorias",
diz Padova. Os produtos pirateados serão destruídos. Os demais,
incorporados ao patrimônio público ou leiloados.
O proprietário do Promocenter
(rua Augusta, 1.562, segundo
consta na Junta Comercial e de
acordo com empregados do local), é Sylvio Nogueira Cabello
Campos.
"O seu Campos viaja muito, não
fica aqui", informaram seguranças do Promocenter que preferiram não se identificar. A Folha
procurou por ele em sete telefones que constam em seu nome no
site da Telefônica e deixou vários
recados, mas ele não telefonou de
volta para a reportagem. Na gerência do Promocenter, funcionários afirmaram que não podiam
dar informações.
Stand Center
Enquanto agentes e policiais fiscalizavam o Promocenter, a força-tarefa recebeu informação de
que comerciantes do Stand Center estavam vendendo CDs e jogos para videogames falsificados.
A tentativa de retomar o comércio ilegal ocorreu dez dias após o
local ter sido alvo de megaoperação da Receita e da Fazenda e um
dia após ter voltado a funcionar.
O shopping estava fechado desde
o dia 5 pela Prefeitura por falta de
segurança. Cerca de 20 fiscais e
policiais apreenderam dois veículos, no estacionamento subterrâneo do Stand Center, lotados com mercadorias pirateadas.
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