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Lojistas retiram produtos antes da chegada da PF
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez minutos antes de os fiscais e policiais da força-tarefa
chegarem ao Promocenter e interditar o local, lojistas e empregados do centro comercial
retiraram mercadorias de parte
dos 140 estandes.
Na esquina das ruas Luís
Coelho com Augusta, comerciantes do local conversavam
pelo celular, desde as 9h de ontem, e davam instruções para a
retirada de produtos. Tinham a
sensação de que algo iria ocorrer. Os comerciantes abriram
uma porta pequena no Stand
Center, às 9h54, e começaram a
passar sacolas para "olheiros"
que vigiavam o local. Às 10h04,
a chegada da Polícia Federal e
de cerca de 600 fiscais e policiais interrompeu a retirada.
Funcionários do Promocenter confirmaram à Folha que tiveram de obedecer ordens e
carregar sacolas pretas de plástico com equipamentos eletroeletrônicos. Uma kombi e
dois outros veículos estacionaram em frente ao local na tentativa de recolher mercadorias.
"Não há provas de que houve
vazamento de informações. Seria leviano afirmar isso. Nem
temos informação de que há
envolvimento de pessoas [funcionários públicos] nas atividades [comércio ilegal] realizadas
no local", disse o delegado Rodrigo Leão, da Polícia Federal.
O assunto será investigado.
A Folha constatou que em
vários boxes havia sinais de que
produtos haviam sido recolhidos abruptamente. Em pelo
menos sete estandes, cartazes
foram colados com os dizeres
"fechado para reforma". Segundo vendedores do local, os
avisos foram colados instantes
antes de a polícia chegar.
"Vendemos sem nota mesmo. Por isso é barato", disse
M., que afirmou trabalhar em
um estande de material eletroeletrônico há cerca de três meses. Ao contrário dos demais
funcionários, ela afirma ter registro em carteira e receber salário de R$ 1.000. Suas colegas
de outros boxes informaram
que trabalhavam sem carteira
assinada e recebiam R$ 300.
Gravatas "made in Italy" são
vendidas por R$ 10 a R$ 25.
Bolsas falsificadas das grifes
Fendi, Louis Vuitton, Chanel e
Prada, por R$ 60 a R$ 100. Jeans
da marca italiana Replay saem
por R$ 200 e tênis "genéricos"
da Nike, por R$ 100.
"Compro aqui há mais de dez
anos porque é barato. Não me
importo em não ter nota", diz a
dona de casa Clélia Dias, 79.
Ter um box no local custa em
média R$ 4.000 de aluguel por
mês. "O contrato vence todo
mês porque é feito como se fosse uma feira de eventos e exposição de produtos", disse a lojista K.
(CR)
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