São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

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Lojistas retiram produtos antes da chegada da PF

DA REPORTAGEM LOCAL

Dez minutos antes de os fiscais e policiais da força-tarefa chegarem ao Promocenter e interditar o local, lojistas e empregados do centro comercial retiraram mercadorias de parte dos 140 estandes.
Na esquina das ruas Luís Coelho com Augusta, comerciantes do local conversavam pelo celular, desde as 9h de ontem, e davam instruções para a retirada de produtos. Tinham a sensação de que algo iria ocorrer. Os comerciantes abriram uma porta pequena no Stand Center, às 9h54, e começaram a passar sacolas para "olheiros" que vigiavam o local. Às 10h04, a chegada da Polícia Federal e de cerca de 600 fiscais e policiais interrompeu a retirada.
Funcionários do Promocenter confirmaram à Folha que tiveram de obedecer ordens e carregar sacolas pretas de plástico com equipamentos eletroeletrônicos. Uma kombi e dois outros veículos estacionaram em frente ao local na tentativa de recolher mercadorias.
"Não há provas de que houve vazamento de informações. Seria leviano afirmar isso. Nem temos informação de que há envolvimento de pessoas [funcionários públicos] nas atividades [comércio ilegal] realizadas no local", disse o delegado Rodrigo Leão, da Polícia Federal. O assunto será investigado.
A Folha constatou que em vários boxes havia sinais de que produtos haviam sido recolhidos abruptamente. Em pelo menos sete estandes, cartazes foram colados com os dizeres "fechado para reforma". Segundo vendedores do local, os avisos foram colados instantes antes de a polícia chegar.
"Vendemos sem nota mesmo. Por isso é barato", disse M., que afirmou trabalhar em um estande de material eletroeletrônico há cerca de três meses. Ao contrário dos demais funcionários, ela afirma ter registro em carteira e receber salário de R$ 1.000. Suas colegas de outros boxes informaram que trabalhavam sem carteira assinada e recebiam R$ 300.
Gravatas "made in Italy" são vendidas por R$ 10 a R$ 25. Bolsas falsificadas das grifes Fendi, Louis Vuitton, Chanel e Prada, por R$ 60 a R$ 100. Jeans da marca italiana Replay saem por R$ 200 e tênis "genéricos" da Nike, por R$ 100.
"Compro aqui há mais de dez anos porque é barato. Não me importo em não ter nota", diz a dona de casa Clélia Dias, 79.
Ter um box no local custa em média R$ 4.000 de aluguel por mês. "O contrato vence todo mês porque é feito como se fosse uma feira de eventos e exposição de produtos", disse a lojista K. (CR)

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