São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

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PAÍS DO "MENSALÃO"

Pesquisa do Ibope mostra que roupas falsificadas lideram mercado; brinquedos vêm em segundo lugar

Brasil perde R$ 13 bi ao ano com pirataria

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

O consumo de itens piratas faz com que o Brasil deixe de arrecadar R$ 12,8 bilhões por ano em impostos, segundo dados de pesquisa do Ibope que leva em conta apenas três categorias de produtos: roupas, tênis e brinquedos. A estimativa é que o mercado pirata desses três setores movimente R$ 32 bilhões anualmente.
Os números mostram que quase um quarto dos brasileiros (24%) comprou brinquedos piratas nos últimos 12 meses. No mesmo período, 29% compraram roupas falsificadas e 16%, tênis. A principal justificativa para o consumo -que é consciente e intencional na maioria dos casos- é a percepção de que as mercadorias custam metade ou menos da metade do valor original.
"Os dados são alarmantes. Os números crescem em proporções assustadoras", afirmou Solange Machado, representante da Câmara de Comércio Americana, um dos patrocinadores da pesquisa, junto com o Brazil-U.S. Business Council, o Instituto Dannemann Siemsen e a Mattel.
O Ibope fez 2.002 entrevistas em 143 municípios do país em novembro para o setor de brinquedos. Os setores de roupas e tênis foram pesquisados em abril.

Rio de Janeiro
Além dos números nacionais, foram divulgados ontem dados do Rio de Janeiro para dez categorias de produtos. Em abril, as instituições fizeram a divulgação dos resultados de São Paulo. No ano que vem sairão os números de Belo Horizonte. "Pela similaridade dos resultados já obtidos no Rio e em São Paulo é possível afirmar que existe uma estruturação e uma organização do crime nesses mercados", disse Solange.
No Rio de Janeiro, 80% dos entrevistados admitiram comprar produtos piratas. Entre esses, 55% disseram que sabiam diferenciar a cópia dos produtos originais. O impacto estimado da pirataria nos impostos da cidade é de R$ 188 milhões, valor que deixa de ser arrecadados anualmente. A consciência dessa sonegação, porém, não inibe o consumo.
Foram pesquisadas dez categorias na cidade: roupas, brinquedos, tênis, relógios, óculos, bolsas, canetas, perfumes, jogos eletrônicos e artigos de papelaria. Assim como na avaliação nacional, na maioria dessas categorias (oito, no caso do Rio), o consumo é maior na faixa etária de 16 a 24 anos de idade.
A amostra no Rio foi de 602 entrevistas. Ao extrapolar os resultados para o universo do município, o Ibope afirma que 722 mil pessoas compraram roupas falsificadas nos últimos 12 meses. O setor de brinquedos aparece como o segundo em número de pessoas, com 633 mil consumidores de mercadorias piratas.
A pesquisa demonstrou que as classes A e B também compram itens falsificados.
No Rio de Janeiro, os que têm maior poder aquisitivo são os que mais compram bolsas, jogos eletrônicos e produtos de papelaria piratas. Em contrapartida, as classes D e E compram mais roupas e brinquedos.
Um em cada quatro brasileiros compra brinquedos falsificados, de acordo com o Ibope. Por pessoa, o consumo é de cerca de nove unidades por ano, a um valor médio de R$ 18 por unidade.
O diretor financeiro da Mattel, Ronald Schaffer, não sabe estimar o quanto a empresa perde com as falsificações de brinquedos e bonecas, como a Barbie, um dos itens que mais é copiado.
"Por causa da pirataria não sabemos nem o tamanho do mercado", afirmou.
Segundo Schaffer, a alta carga tributária e as elevadas tarifas de importação estimulam o mercado clandestino.


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