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PAÍS DO "MENSALÃO"
Pesquisa do Ibope mostra que roupas falsificadas lideram mercado; brinquedos vêm em segundo lugar
Brasil perde R$ 13 bi ao ano com pirataria
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
O consumo de itens piratas faz
com que o Brasil deixe de arrecadar R$ 12,8 bilhões por ano em
impostos, segundo dados de pesquisa do Ibope que leva em conta
apenas três categorias de produtos: roupas, tênis e brinquedos. A
estimativa é que o mercado pirata
desses três setores movimente
R$ 32 bilhões anualmente.
Os números mostram que quase um quarto dos brasileiros
(24%) comprou brinquedos piratas nos últimos 12 meses. No mesmo período, 29% compraram
roupas falsificadas e 16%, tênis. A
principal justificativa para o consumo -que é consciente e intencional na maioria dos casos- é a
percepção de que as mercadorias
custam metade ou menos da metade do valor original.
"Os dados são alarmantes. Os
números crescem em proporções
assustadoras", afirmou Solange
Machado, representante da Câmara de Comércio Americana,
um dos patrocinadores da pesquisa, junto com o Brazil-U.S. Business Council, o Instituto Dannemann Siemsen e a Mattel.
O Ibope fez 2.002 entrevistas em
143 municípios do país em novembro para o setor de brinquedos. Os setores de roupas e tênis
foram pesquisados em abril.
Rio de Janeiro
Além dos números nacionais,
foram divulgados ontem dados
do Rio de Janeiro para dez categorias de produtos. Em abril, as instituições fizeram a divulgação dos
resultados de São Paulo. No ano
que vem sairão os números de Belo Horizonte. "Pela similaridade
dos resultados já obtidos no Rio e
em São Paulo é possível afirmar
que existe uma estruturação e
uma organização do crime nesses
mercados", disse Solange.
No Rio de Janeiro, 80% dos entrevistados admitiram comprar
produtos piratas. Entre esses, 55%
disseram que sabiam diferenciar a
cópia dos produtos originais. O
impacto estimado da pirataria
nos impostos da cidade é de
R$ 188 milhões, valor que deixa de
ser arrecadados anualmente. A
consciência dessa sonegação, porém, não inibe o consumo.
Foram pesquisadas dez categorias na cidade: roupas, brinquedos, tênis, relógios, óculos, bolsas,
canetas, perfumes, jogos eletrônicos e artigos de papelaria. Assim
como na avaliação nacional, na
maioria dessas categorias (oito,
no caso do Rio), o consumo é
maior na faixa etária de 16 a 24
anos de idade.
A amostra no Rio foi de 602 entrevistas. Ao extrapolar os resultados para o universo do município, o Ibope afirma que 722 mil
pessoas compraram roupas falsificadas nos últimos 12 meses. O
setor de brinquedos aparece como o segundo em número de pessoas, com 633 mil consumidores
de mercadorias piratas.
A pesquisa demonstrou que as
classes A e B também compram
itens falsificados.
No Rio de Janeiro, os que têm
maior poder aquisitivo são os que
mais compram bolsas, jogos eletrônicos e produtos de papelaria
piratas. Em contrapartida, as classes D e E compram mais roupas e
brinquedos.
Um em cada quatro brasileiros
compra brinquedos falsificados,
de acordo com o Ibope. Por pessoa, o consumo é de cerca de nove
unidades por ano, a um valor médio de R$ 18 por unidade.
O diretor financeiro da Mattel,
Ronald Schaffer, não sabe estimar
o quanto a empresa perde com as
falsificações de brinquedos e bonecas, como a Barbie, um dos
itens que mais é copiado.
"Por causa da pirataria não sabemos nem o tamanho do mercado", afirmou.
Segundo Schaffer, a alta carga
tributária e as elevadas tarifas de
importação estimulam o mercado clandestino.
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