São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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CRIAÇÃO & CONSUMO

Admirável mundo hipernovo

ERH RAY

Há cerca de quatro anos, apenas uma dúzia de pessoas usava sistematicamente a Internet na DM9. Hoje, não há um único dos nossos mais de 200 funcionários que não verifique seu correio eletrônico várias vezes ao dia. Mais ainda: poucos deles se lembram daquele passado remoto (!) no qual "DHTML's", "pop-ups" e "banners" eram termos mais herméticos do que economês em época de hiperinflação.
Da mesma forma, a criação publicitária abraçou a Internet com uma velocidade impressionante. Ainda que, sim, "DHTML's", "pop-ups" e "banners" sejam termos novatos no universo dos "lay-outs" e "teasers", cada vez mais são palavras que soam naturalmente na boca de todos nós, como se estivessem estado ali por anos.
Se no começo efetivo da Internet como mídia comercial a criação para ela era feita apenas por profissionais "nascidos" na web, que nem se sabia ao certo se pertenciam ao time da criação ou da mídia, hoje duplas de redator e diretor de arte que criam para a TV, o rádio, o jornal e outdoor também criam para a net, formando com webdesigners ou programadores trios de criação para a Internet.
O fato é que a intimidade criada com os frutos da tecnologia neste fim de século acontece cada vez mais velozmente. Vinte anos atrás, poucos usavam computador; há 15, muitos ainda preferiam o telex ao fax; há dez, o celular ainda engatinhava. Mas qual de nós se lembra de ter vivido sem um deles algum dia?
E agora, quando todos nós começamos a achar a coisa mais natural do mundo o homebanking e o homeshopping feitos no computador doméstico, já começamos a nos perguntar: com a fusão de megarredes de TV e superprovedores de Internet, será que a recém-nascida e já tradicional criação de "banners" e sites para a web vai mudar, caso a transmissão de dados por telefone passe a ser feita pelos cabos de TV e se a tela dos computadores for substituída pela de sua TV de 37 polegadas? Imagine o que seria a Internet via banda larga! Seria não, será: parece que esse futuro, o da web-tv, está logo ali, depois da curva.
Na verdade, meu amigo, a publicidade criada para a net não mudará em nada, assim como não muda a da TV, a de rádio, a de jornais, a de revistas, a de outdoors... Porque não importa o meio, não importa o aparato tecnológico por trás. Seja qual for o formato, sempre precisará haver criatividade e pertinência. Ou você acha que faria alguma diferença, digamos, para Fernando Pessoa, escrever à mão, à máquina, no computador ou, simplesmente, ditar suas poesias usando o comando de voz de um supereditor de texto?


Erh Ray, 34, diretor de criação, escreveu neste espaço a convite de Nizan Guanaes, presidente da DM9DDB.

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