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LUÍS NASSIF
A China e o Brasil
A china tem um grande
desafio neste ano: fazer a
economia refluir para uma taxa de crescimento mais modesta, de 7% anuais. E, depois,
trabalhar parcerias estratégicas para reduzir suas vulnerabilidades. A informação é de
Wang Jun, presidente da Citic,
o grande banco de investimento do governo chinês, que veio
prospectar o mercado brasileiro, ciceroneado pela Brasilinvest.
Hospedado em um hotel
central de São Paulo, Jun informa que o governo chinês está desestimulando a instalação de empresas petroquímicas e outras com potencial poluidor. Além de planos para
aumentar as taxas de juros e o
compulsório, o governo chinês
está adotando outras medidas
para desestimular o crescimento selvagem da economia.
Hoje em dia, para adquirir
terrenos para qualquer indústria, o empresário tem que demonstrar dispor de pelo menos
30% do capital para tocar empreendimento. Essa regra está
valendo para plantas elétricas,
produção de aço, petroquímica e cimento, em parte para
evitar a superprodução, em
parte para não agravar ainda
mais os pesados problemas
ambientais enfrentados pelo
país.
O problema maior da China
é a energia. Há dificuldade de
abastecimento, especialmente
de transporte. E está difícil encontrar matéria-prima para
termoelétricas -o coque, altamente poluente. O país está
buscando parceria para mudar sua matriz energética e estimular as plantas movidas a
gás. É por aí que se manifesta o
interesse em parcerias com a
Petrobras, especialmente devido à sua experiência em prospecção de águas profundas.
A visita ao Brasil ainda faz
parte da prospecção de novos
negócios. Há interesse em investir em infra-estrutura e
também em projetos voltados
para a produção de petróleo e
matéria-prima para fertilizantes. E parcerias tecnológicas nas áreas aeroespacial, aeronáutica e de biotecnologia.
A China tem aproveitado o
boom econômico para reduzir
as vulnerabilidades do setor
público, especialmente o pesado endividamento provocado
pelos rombos do setor bancário. Segundo Jun, a arrecadação tem crescido de duas a três
vezes acima da taxa de expansão da economia, o que tem
permitido ao governo resgatar
bônus da dívida.
Jun admite que o maior desafio da história da China será
administrar o êxodo rural que
começa a ser criado pela necessidade de modernização do
campo. No ano passado, o governo chinês criou 9 milhões
de empregos, uma gota no
oceano que beneficiou apenas
trabalhadores desempregados
da indústria. Para a área rural, o governo está montando
políticas visando criar empregos no campo e nas cidades rurais. A idéia é diversificar a
produção na China, aproveitando as áreas devastadas para plantar grama e árvores
frutíferas.
Outra saída será estimular o
setor de serviços. No seu encontro com o vice-governador
paulista, Cláudio Lembro, Jun
soube que serviços representam 51% do PIB paulista. Na
China, o percentual não passa
de 40%. Portanto poderia haver espaço para gerar empregos por aí.
Para este ano, as importações de alimentos da China
deverão aumentar, devido a
desastres climáticos que afetaram a safra do ano passado.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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