São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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TELEFONIA

Presidente do BNDES afirma que ficará "perplexo" se proposta de US$ 550 milhões feita por concessionárias não vencer

Teles fixas devem levar Embratel, diz Lessa

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem, em audiência pública no Senado, que as concessionárias de telefonia fixa local (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom) deverão comprar a Embratel.
Até o momento, a Telmex (empresa mexicana) tem uma proposta de compra aceita pela MCI (controladora norte-americana da Embratel). A decisão sobre a compra, no entanto, depende da Corte de Falências de Nova York e deverá sair no dia 27.
"Há uma grande possibilidade de a proposta das teles ser vitoriosa", disse. "Eu vou ficar perplexo se a proposta que deu mais recursos não for consagrada", afirmou. A proposta da Telmex pela Embratel é de US$ 360 milhões, e a das teles, de US$ 550 milhões.
O BNDES tem participação nas empresas que compõem o consórcio das teles -chamado de Calais. O banco tem 25% da Telemar. O grupo Garantia, que já foi criticado por Lessa, também faz parte da Telemar e tem participação na Geodex -empresa de telecomunicações que lidera o consórcio. Segundo ele, as três teles fixas já mandaram carta oferecendo ao BNDES até 40% de participação no consórcio.

Laranja
Lessa disse também que a Geodex seria uma espécie de "laranja" e sairia do grupo assim que as teles comprassem a Embratel. Depois, recuou.
"A figura dessa empresa Geodex é provisória, acho que, se ganhar a proposta [do consórcio], ela desaparece, e na verdade os interlocutores vão ser as três grandes operadoras [de telefonia fixa]", disse. Nesse momento, Lessa foi questionado pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) se, nesse caso, a Geodex seria então um "laranja" para as teles locais. "É provável que sim", respondeu. Ele esclareceu ao senador que, na linguagem corporativa, os "laranjas" são chamados de "empresas veículo".
Mais tarde, na audiência, Lessa disse que, por ser professor, tem o hábito de usar figuras de linguagem e que suas metáforas são mal interpretadas. Em entrevista após a audiência, disse não ter chamado a Geodex de "laranja".
O fato de o consórcio Calais ser liderado pela Geodex faz parte da estratégia das teles para evitar impedimentos regulatórios à compra da Embratel.
Para Otávio Azevedo, presidente do conselho da Telemar, pode ter havido confusão em relação ao que Lessa disse.
Ele explicou que, depois da compra, haverá uma segregação: as teles vão ficar com a parte de transmissão de dados, e a Geodex, com a parte de ligação de longa distância (setor em que haveria conflito regulatório com as concessionárias locais). "A Geodex é controladora e está entrando com objetivo de investimento. Tem suas justificativas próprias. A criação da Calais permitiu que a gente se associasse com ações preferenciais", explicou.
Azevedo disse ainda que Lessa falou sobre "laranja" no "calor da audiência", mas que, como tem "grandeza" e é um "excelente brasileiro", recuou no que disse.
A Telmex informou que não comentaria as declarações de Lessa.
Lessa disse também que precisa resolver uma pendência com a Telmex. A pendência seria uma dívida da Claro (operadora de celular controlada pela Telmex) com o banco. Ele evitou qualificar a pendência como dívida.
"Não disse que há dívida, disse que há uma pendência, que não é exatamente a mesma coisa. Vou esperar que a Telmex vá ao banco e vou explicitar com ela a pendência. Há uma pendência que é terrivelmente incômoda", afirmou.


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