|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEFONIA
Presidente do BNDES afirma que ficará "perplexo" se proposta de US$ 550 milhões feita por concessionárias não vencer
Teles fixas devem levar Embratel, diz Lessa
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem, em audiência pública no Senado, que as concessionárias de telefonia fixa local (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom)
deverão comprar a Embratel.
Até o momento, a Telmex (empresa mexicana) tem uma proposta de compra aceita pela MCI
(controladora norte-americana
da Embratel). A decisão sobre a
compra, no entanto, depende da
Corte de Falências de Nova York e
deverá sair no dia 27.
"Há uma grande possibilidade
de a proposta das teles ser vitoriosa", disse. "Eu vou ficar perplexo
se a proposta que deu mais recursos não for consagrada", afirmou.
A proposta da Telmex pela Embratel é de US$ 360 milhões, e a
das teles, de US$ 550 milhões.
O BNDES tem participação nas
empresas que compõem o consórcio das teles -chamado de
Calais. O banco tem 25% da Telemar. O grupo Garantia, que já foi
criticado por Lessa, também faz
parte da Telemar e tem participação na Geodex -empresa de telecomunicações que lidera o consórcio. Segundo ele, as três teles fixas já mandaram carta oferecendo ao BNDES até 40% de participação no consórcio.
Laranja
Lessa disse também que a Geodex seria uma espécie de "laranja"
e sairia do grupo assim que as teles comprassem a Embratel. Depois, recuou.
"A figura dessa empresa Geodex é provisória, acho que, se ganhar a proposta [do consórcio],
ela desaparece, e na verdade os interlocutores vão ser as três grandes operadoras [de telefonia fixa]", disse. Nesse momento, Lessa foi questionado pelo senador
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) se, nesse caso, a Geodex seria
então um "laranja" para as teles
locais. "É provável que sim", respondeu. Ele esclareceu ao senador que, na linguagem corporativa, os "laranjas" são chamados de
"empresas veículo".
Mais tarde, na audiência, Lessa
disse que, por ser professor, tem o
hábito de usar figuras de linguagem e que suas metáforas são mal
interpretadas. Em entrevista após
a audiência, disse não ter chamado a Geodex de "laranja".
O fato de o consórcio Calais ser
liderado pela Geodex faz parte da
estratégia das teles para evitar impedimentos regulatórios à compra da Embratel.
Para Otávio Azevedo, presidente do conselho da Telemar, pode
ter havido confusão em relação ao
que Lessa disse.
Ele explicou que, depois da
compra, haverá uma segregação:
as teles vão ficar com a parte de
transmissão de dados, e a Geodex,
com a parte de ligação de longa
distância (setor em que haveria
conflito regulatório com as concessionárias locais). "A Geodex é
controladora e está entrando com
objetivo de investimento. Tem
suas justificativas próprias. A
criação da Calais permitiu que a
gente se associasse com ações preferenciais", explicou.
Azevedo disse ainda que Lessa
falou sobre "laranja" no "calor da
audiência", mas que, como tem
"grandeza" e é um "excelente brasileiro", recuou no que disse.
A Telmex informou que não comentaria as declarações de Lessa.
Lessa disse também que precisa
resolver uma pendência com a
Telmex. A pendência seria uma
dívida da Claro (operadora de celular controlada pela Telmex)
com o banco. Ele evitou qualificar
a pendência como dívida.
"Não disse que há dívida, disse
que há uma pendência, que não é
exatamente a mesma coisa. Vou
esperar que a Telmex vá ao banco
e vou explicitar com ela a pendência. Há uma pendência que é terrivelmente incômoda", afirmou.
Texto Anterior: Empresa e consumidor sentirão poucos efeitos Próximo Texto: Salários: Lula quer que mínimo tenha aumento real Índice
|