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MAIS IMPOSTO
Alta viria com novas alíquotas para pessoas físicas e maior taxação de empresas tributadas pelo lucro presumido
Receita já admite aumento da carga fiscal
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-adjunto da Receita
Federal Ricardo Pinheiro admitiu
ontem que a carga tributária poderá aumentar neste ano com as
mudanças que o governo vem
propondo na legislação tributária.
"Matematicamente, a carga pode aumentar", afirmou Pinheiro.
Mas, segundo ele, esse aumento
seria um resultado da tentativa de
equilibrar a carga entre os contribuintes. "Temos pessoas jurídicas
que pagam menos do que pessoas
físicas", disse.
Em fevereiro, o governo disse
que a carga deste ano seria reduzida em mais de dois pontos percentuais em relação à do ano passado porque em 2003 as receitas
extraordinárias seriam menores.
Em 2002, a carga tributária ficou
em 35,86% do PIB (Produto Interno Bruto).
No início das discussões sobre a
reforma tributária, o governo explicou que as mudanças não mexeriam na carga atual. Os eventuais ganhos de arrecadação seriam um resultado do aumento
da eficiência do sistema. Ou seja, a
reforma poderia reduzir a sonegação.
Na semana passada, a Receita
divulgou que a tendência para a
carga tributária neste ano era de
manutenção da arrecadação. Portanto se a reforma resultasse em
aumento da carga o governo poderia até reduzir impostos.
Mas, em abril, além da reforma,
o governo propôs aumento de
impostos das empresas ao Congresso. Agora, está preparando
mudanças no Imposto de Renda
das pessoas físicas. As propostas
que já estão sendo discutidas no
Congresso devem render mais R$
2,5 bilhões por ano.
Questionada sobre as declarações de Pinheiro, a assessoria do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) disse ontem que o ministério mantém a sua posição
inicial de que a carga tributária
não vai aumentar neste ano. Mas
não comentou as propostas feitas
ao Congresso.
Para Pinheiro, essas sugestões
têm justamente o objetivo de fechar brechas que permitem a alguns contribuintes pagar menos
do que outros. E deu o exemplo
das empresas que pagam Imposto
de Renda e Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido sobre o lucro presumido.
"Esses percentuais [dos tributos
citados] ainda têm espaço para
crescer. Se eu aumentar a tributação para 40%, ainda assim mais
de 90% das empresas vão continuar pagando pelo lucro presumido", disse.
A alternativa das empresas é pagar pelo lucro real em um esquema semelhante ao que acontece
com as pessoas físicas. Ou seja,
existe um ajuste de declaração depois. Apenas 7% das empresas fazem isso hoje.
Sobre a nova tabela do IR das
pessoas físicas, Pinheiro disse que
a Receita está estudando alíquotas
que variam de 15% a 35% e existem modelos com até quatro alíquotas. Em relação à possibilidade de redução de tributos, Pinheiro explicou que isso só acontecerá
quando as despesas permitirem.
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