São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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O VÔO DA ÁGUIA

Dados divulgados nesta semana fazem crescer a expectativa de uma elevação nos juros já no próximo mês

Produção aumenta e inflação cai nos EUA

DA REDAÇÃO

As expectativas sobre uma elevação da taxa de juros nos Estados Unidos cresceram ontem com a divulgação de novos indicadores, que reforçaram o cenário de expansão da economia.
No indicador mais aguardado pelo mercado, o da inflação ao consumidor, os preços subiram 0,2%, abaixo das previsões dos analistas e a menor alta no ano. Em março, cresceram 0,5%.
Mais relevante, porém, o núcleo do índice, que exclui as categorias mais voláteis (alimentos e energia) e costuma ser o dado mais observado pelo Federal Reserve (o banco central americano), voltou a crescer em abril no acumulado em 12 meses.
Embora tenha mostrado desaceleração em abril, com alta de 0,3% (ante 0,4% em março), o núcleo registrou variação de 1,8% nos 12 meses anteriores. Em março, a alta acumulada no período era de 1,6%, e, em fevereiro, de 1,2%. Em janeiro, esse indicador havia atingido o menor patamar em 43 anos e ficou em 1,1%.
"Os dados sobre os preços ao consumidor nesta semana sugerem que o repique do núcleo da inflação já não pode ser ignorado", disse o economista Anthony Karydakis, do Bank One.
Analistas destacaram que o núcleo da inflação costuma oscilar de forma gradual.
A uma taxa anualizada, o núcleo subiu 3% no primeiro quadrimestre. No ano passado inteiro, a variação havia sido de 1,1%.
Anteontem o governo americano já havia divulgado que os preços no atacado registraram em abril a maior elevação em um ano, de 0,7%, impulsionados pela recente alta no setor de energia.
"O ritmo de aceleração dos preços em 2004 gera inquietude e deveria causar uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em junho e dois outros aumentos antes do fim do ano", afirmou Robert Sinche, do Citigroup.
A próxima reunião do Fed será nos dias 29 e 30 de junho. Na semana passada, o presidente da instituição, Alan Greenspan, sinalizou que a elevação da taxa está perto, mas que deverá acontecer de forma "moderada".
Os juros nos EUA estão em 1% ao ano desde junho de 2003, o menor patamar desde 1958.
O mercado de trabalho, o outro indicador analisado cuidadosamente pelo Fed ao decidir sobre os juros, também dá sinais de recuperar o fôlego. Em abril, a economia criou 288 mil vagas.
A volta da inflação é vista como um sintoma natural da expansão da economia, que cresceu 3,1% no ano passado e 4,2% nos três primeiros meses de 2004.
Outros dados divulgados ontem corroboram esse crescimento. A produção industrial aumentou 0,8% em abril, a maior taxa desde novembro passado. A taxa havia caído 0,1% em março.
A utilização da capacidade alcançou o maior patamar em quase três anos, subindo de 76,5% para 76,9% em abril. E os estoques cresceram 0,7% em março, um sinal de que os empresários começam a recuperar a confiança na força da economia. Já as vendas aumentaram 2,9% nesse mês, contra 0,9% em fevereiro.
Embora não tenham sido tão negativos como esperavam os economistas, os dados sobre a inflação influenciaram os mercados. Na Bolsa de Nova York, o índice Nasdaq, das ações de empresas de alta tecnologia, perdeu 1,13%. Já o Dow Jones fechou estável, com alta de 0,02%.


Com agências internacionais

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