São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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Medida deve elevar juros para o consumidor

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do volume de recursos que os bancos têm de manter em uma conta no Banco Central deve encarecer ainda mais o crédito. Com menos dinheiro disponível para emprestar, as instituições financeiras podem passar a pedir taxas mais elevadas para realizar as operações.
"Esse tipo de medida, que se destina a diminuir a liquidez no mercado, normalmente tem como reflexo o aumento dos juros cobrados para se fazer empréstimos", afirma o economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado.
Na opinião do estrategista-chefe do HSBC Investment Bank, Dawber Gontijo, o impacto que o aumento da alíquota do compulsório terá sobre os juros perde um pouco de importância devido à escalada que as taxas futuras já tiveram nos últimos dias, embalada pela turbulência que sacudiu o mercado.
Com mais uma elevação do compulsório sobre depósitos a prazo, a economia brasileira pode sofrer um agravamento do quadro de desaquecimento. O aumento dos custos dos empréstimos bancários para as empresas compromete os investimentos e, consequentemente, o crescimento. O crédito para as pessoas físicas também deve acabar sofrendo com a medida.
Ao decisão do BC de aumentar a alíquota de recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo -principalmente aplicações em CDBs (Certificados de Depósito Bancário)- de 10% para 15% visa diminuir a pressão sobre o câmbio, que voltou a disparar nos últimos dias.
Em outubro do ano passado, o BC já havia tomado essa medida. Na época, a autoridade monetária elevou a alíquota do compulsório de zero para 10%.
A medida tem um efeito similar a um aumento nos juros básicos da economia, atualmente em 18,5% ao ano. "Mesmo assim, continua bastante complicado para o Copom cortar os juros na próxima semana", diz Penteado.
Para Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, o impacto da medida no crédito será pequeno devido à alta que os juros futuros já tiveram neste mês. "A alta nos juros futuros já tem um impacto negativo na atividade", afirma Kawall.
Na opinião da economista do banco InterAmerican Express Roberta Costa, a medida não deve ter um impacto muito grande sobre o crédito, como aconteceu em outubro do ano passado.



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