São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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TRABALHO

Cortes equivalem a 18% dos postos no mundo, segundo dados da OIT

Aviação demite 210 mil após ataques

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O setor de aviação demitiu 210 mil trabalhadores em todo o mundo após o ataque ocorrido nos Estados Unidos em 11 de setembro do ano passado. O número equivale a 18% da força de trabalho empregada até então nas companhias aéreas e empresas fabricantes de aeronaves e equipamentos.
Os dados fazem parte de levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Associação Internacional de Transporte Aéreo Latino-Americana (Aital).
A região que mais sofreu com os cortes foi, naturalmente, a que tinha mais gente empregada. A América do Norte respondeu por 64,6% das demissões. Nos Estados Unidos, os vôos da America Airlines, que teve dois aviões envolvidos na tragédia de 11 de setembro, têm tido baixa ocupação de assentos desde então.
Os países da América do Sul e da América Central foram responsáveis por apenas 1,6% das dispensas. Como as empresas dessas regiões respondem por 6% da oferta mundial de vagas no setor, os analistas da Aital consideram que novas demissões virão.
No Brasil, segundo levantamento do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a Varig cortou 600 postos e a TAM e a Vasp vêm fazendo reestruturações para reduzir a folha de pagamento.
A Transbrasil, que já voava com problemas antes do ataque, aterrissou com dívidas superiores a R$ 1 bilhão e deixou 2.000 trabalhadores sem emprego.
"A crise no Brasil é maior do que deveria por culpa do DAC [Departamento de Aviação Civil", que não cumpre a legislação e se omite na fiscalização da concorrência desleal que reduz tarifas e põe empregos em risco", diz a presidente do sindicato, Graziela Baggio.
O diretor-geral do DAC, Venâncio Grossi, não foi localizado por sua assessoria para comentar o assunto. Mas o órgão informou que todas as fiscalizações vêm sendo feitas, conforme a legislação, tanto pelo DAC como pelo Ministério da Fazenda.
O vice-presidente de marketing e serviços da Gol, Tarcísio Gargioni, considera que a guerra de tarifas vem tendo efeito positivo sobre o mercado de trabalho no setor de aviação. "Estamos trazendo mais passageiros e, com isso, mais empregos", diz Gargioni.
No Brasil, a Gol é a única companhia que tem voado contra a corrente de cortes em rotas e em postos de trabalho. "Em 11 de setembro, tínhamos cerca de 750 empregados. Hoje temos 1.400 e vamos contratar mais gente até o final do ano", informa o vice-presidente da companhia.
No mundo, porém, a diminuição da força de trabalho nas empresas aéreas foi, em média, de 16%, enquanto a redução média do tráfego aéreo internacional alcançou 22%.
A lista de medidas adotadas para reduzir custos com pessoal, segundo levantamento da Aital e da OIT, registra ainda que:
1) O presidente da American Airlines renunciou a qualquer pagamento por um ano e os funcionários aceitaram receber menos;
2) Na Atlantic Coast Airlines houve redução de até 40% no pagamento dos diretores;
3) A Delta Airlines reduziu o serviço de bordo em parte dos vôos da classe econômica e da primeira classe;
4) A British Airways suspendeu o pagamento de horas extras e reduziu em 15% o pagamento dos executivos e em 5% a remuneração do pessoal administrativo.



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