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TRABALHO
Cortes equivalem a 18% dos postos no mundo, segundo dados da OIT
Aviação demite 210 mil após ataques
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor de aviação demitiu 210
mil trabalhadores em todo o
mundo após o ataque ocorrido
nos Estados Unidos em 11 de setembro do ano passado. O número equivale a 18% da força de trabalho empregada até então nas
companhias aéreas e empresas fabricantes de aeronaves e equipamentos.
Os dados fazem parte de levantamento feito pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT)
e pela Associação Internacional
de Transporte Aéreo Latino-Americana (Aital).
A região que mais sofreu com os
cortes foi, naturalmente, a que tinha mais gente empregada. A
América do Norte respondeu por
64,6% das demissões. Nos Estados Unidos, os vôos da America
Airlines, que teve dois aviões envolvidos na tragédia de 11 de setembro, têm tido baixa ocupação
de assentos desde então.
Os países da América do Sul e
da América Central foram responsáveis por apenas 1,6% das
dispensas. Como as empresas
dessas regiões respondem por 6%
da oferta mundial de vagas no setor, os analistas da Aital consideram que novas demissões virão.
No Brasil, segundo levantamento do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a Varig cortou 600 postos e a TAM e a Vasp vêm fazendo
reestruturações para reduzir a folha de pagamento.
A Transbrasil, que já voava com
problemas antes do ataque, aterrissou com dívidas superiores a
R$ 1 bilhão e deixou 2.000 trabalhadores sem emprego.
"A crise no Brasil é maior do
que deveria por culpa do DAC
[Departamento de Aviação Civil",
que não cumpre a legislação e se
omite na fiscalização da concorrência desleal que reduz tarifas e
põe empregos em risco", diz a
presidente do sindicato, Graziela
Baggio.
O diretor-geral do DAC, Venâncio Grossi, não foi localizado por
sua assessoria para comentar o
assunto. Mas o órgão informou
que todas as fiscalizações vêm
sendo feitas, conforme a legislação, tanto pelo DAC como pelo
Ministério da Fazenda.
O vice-presidente de marketing
e serviços da Gol, Tarcísio Gargioni, considera que a guerra de tarifas vem tendo efeito positivo sobre o mercado de trabalho no setor de aviação. "Estamos trazendo
mais passageiros e, com isso, mais
empregos", diz Gargioni.
No Brasil, a Gol é a única companhia que tem voado contra a
corrente de cortes em rotas e em
postos de trabalho. "Em 11 de setembro, tínhamos cerca de 750
empregados. Hoje temos 1.400 e
vamos contratar mais gente até o
final do ano", informa o vice-presidente da companhia.
No mundo, porém, a diminuição da força de trabalho nas empresas aéreas foi, em média, de
16%, enquanto a redução média
do tráfego aéreo internacional alcançou 22%.
A lista de medidas adotadas para reduzir custos com pessoal, segundo levantamento da Aital e da
OIT, registra ainda que:
1) O presidente da American
Airlines renunciou a qualquer pagamento por um ano e os funcionários aceitaram receber menos;
2) Na Atlantic Coast Airlines
houve redução de até 40% no pagamento dos diretores;
3) A Delta Airlines reduziu o
serviço de bordo em parte dos
vôos da classe econômica e da primeira classe;
4) A British Airways suspendeu
o pagamento de horas extras e reduziu em 15% o pagamento dos
executivos e em 5% a remuneração do pessoal administrativo.
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