São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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CAPITALISMO EM CRISE

Todos os principais índices do planeta acumulam perdas no ano; euro já subiu 10% ante o dólar

Pessimismo derruba Bolsas mundo afora

DA REDAÇÃO

Finalmente caiu a ficha em Wall Street e nas outras importantes praças do capitalismo global.
Depois de uma excessiva euforia nos primeiros meses do ano, que levou a uma aposta na rápida recuperação da economia dos EUA, os investidores estão fugindo do mercado acionário. A perspectiva de lucros menores para as grandes corporações derrubou Bolsas européias e americanas a níveis não vistos desde os ataques terroristas de 11 de setembro.
"Pensávamos já ter atingido o fundo do poço, mas parece que não é o caso", resumiu Matt Brown, da corretora de investimentos Wilmington Trust.
Ontem pela manhã, a explosão de um carro-bomba nas proximidades do Consulado dos EUA em Karachi, no Paquistão, só agravou as incertezas e fez o índice Dow Jones mergulhar 240 pontos, ou mais de 2%, e bater na menor marca desde setembro. Ao longo do dia, o índice recuperou parte do terreno perdido e fechou com queda de 0,3%.
No ano, o Dow Jones apresenta um recuo de mais de 5%. Mas, entre os principais índices dos EUA, ele é o que menos perdeu. O S&P 500, que reúne as 500 maiores companhias dos EUA, já caiu 12% desde o começo do ano. A Bolsa tecnológica Nasdaq desabou 23% no período.
Ainda ontem, os humores foram afetados por más notícias sobre a conjuntura econômica dos EUA. A confiança do consumidor apurada pela Universidade de Michigan caiu neste mês no ritmo mais intenso desde setembro. Já a produção industrial cresceu em maio menos do que o estimado.
O ceticismo em relação à retomada dos EUA piorou as projeções para o mercado acionário, que já andavam ruins. Primeiro houve o choque da desconfiança em relação à contabilidade das grandes corporações, no efeito que ficou conhecido como "enronite", a síndrome do colapso da Enron. Depois veio a queda das ações das companhias de telecomunicações.
Uma das queridinhas de Wall Street até o ano passado, a energética Enron quebrou em meio a denúncias de fraudes contábeis e manipulação de resultados. Acionistas da companhia perderam milhões, e investidores de pequeno e médio porte se tornaram mais receosos em aplicar sua poupança no mercado acionário.
A guerra dos EUA ao terrorismo, como ficou demostrado com a explosão do carro-bomba, é outro motivo de preocupação.

Pânico
"Há várias razões para os investidores se preocuparem", disse Hugh Johson, diretor de investimentos da First Albany. "Eles temiam novos ataques terroristas, e houve um. Eles estão preocupados com a economia e com os lucros, e há razão para isso."
O dólar, que se mantinha sólido em relação a outras moedas mesmo sob a tensão do pós-ataques terroristas, também começa a perder poder. Em algumas transações, o euro tem sido negociado acima de US$ 0,95, a maior cotação desde janeiro do ano passado. Em três meses, a valorização da moeda européia foi de quase 10%.
O pessimismo do mercado norte-americano se alastrou para o outro lado do Atlântico. As Bolsas européias também estão nos menores níveis desde setembro. A Bolsa de Londres perdeu ontem 2,95% e já acumula uma queda de 11% no ano. Em Frankfurt, o tombo é ainda maior: 3,7% ontem e 16,6% no ano.


Com agências internacionais


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