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CAPITALISMO EM CRISE
Todos os principais índices do planeta acumulam perdas no ano; euro já subiu 10% ante o dólar
Pessimismo derruba Bolsas mundo afora
DA REDAÇÃO
Finalmente caiu a ficha em Wall
Street e nas outras importantes
praças do capitalismo global.
Depois de uma excessiva euforia nos primeiros meses do ano,
que levou a uma aposta na rápida
recuperação da economia dos
EUA, os investidores estão fugindo do mercado acionário. A perspectiva de lucros menores para as
grandes corporações derrubou
Bolsas européias e americanas a
níveis não vistos desde os ataques
terroristas de 11 de setembro.
"Pensávamos já ter atingido o
fundo do poço, mas parece que
não é o caso", resumiu Matt
Brown, da corretora de investimentos Wilmington Trust.
Ontem pela manhã, a explosão
de um carro-bomba nas proximidades do Consulado dos EUA em
Karachi, no Paquistão, só agravou
as incertezas e fez o índice Dow
Jones mergulhar 240 pontos, ou
mais de 2%, e bater na menor
marca desde setembro. Ao longo
do dia, o índice recuperou parte
do terreno perdido e fechou com
queda de 0,3%.
No ano, o Dow Jones apresenta
um recuo de mais de 5%. Mas, entre os principais índices dos EUA,
ele é o que menos perdeu. O S&P
500, que reúne as 500 maiores
companhias dos EUA, já caiu 12%
desde o começo do ano. A Bolsa
tecnológica Nasdaq desabou 23%
no período.
Ainda ontem, os humores foram afetados por más notícias sobre a conjuntura econômica dos
EUA. A confiança do consumidor
apurada pela Universidade de Michigan caiu neste mês no ritmo
mais intenso desde setembro. Já a
produção industrial cresceu em
maio menos do que o estimado.
O ceticismo em relação à retomada dos EUA piorou as projeções para o mercado acionário,
que já andavam ruins. Primeiro
houve o choque da desconfiança
em relação à contabilidade das
grandes corporações, no efeito
que ficou conhecido como "enronite", a síndrome do colapso da
Enron. Depois veio a queda das
ações das companhias de telecomunicações.
Uma das queridinhas de Wall
Street até o ano passado, a energética Enron quebrou em meio a denúncias de fraudes contábeis e
manipulação de resultados. Acionistas da companhia perderam
milhões, e investidores de pequeno e médio porte se tornaram
mais receosos em aplicar sua poupança no mercado acionário.
A guerra dos EUA ao terrorismo, como ficou demostrado com
a explosão do carro-bomba, é outro motivo de preocupação.
Pânico
"Há várias razões para os investidores se preocuparem", disse
Hugh Johson, diretor de investimentos da First Albany. "Eles temiam novos ataques terroristas, e
houve um. Eles estão preocupados com a economia e com os lucros, e há razão para isso."
O dólar, que se mantinha sólido
em relação a outras moedas mesmo sob a tensão do pós-ataques
terroristas, também começa a
perder poder. Em algumas transações, o euro tem sido negociado
acima de US$ 0,95, a maior cotação desde janeiro do ano passado.
Em três meses, a valorização da
moeda européia foi de quase 10%.
O pessimismo do mercado norte-americano se alastrou para o
outro lado do Atlântico. As Bolsas
européias também estão nos menores níveis desde setembro. A
Bolsa de Londres perdeu ontem
2,95% e já acumula uma queda de
11% no ano. Em Frankfurt, o tombo é ainda maior: 3,7% ontem e
16,6% no ano.
Com agências internacionais
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