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Arrecadação do ITR cai 18% em dez anos
Queda nacional foi puxada pelas regiões Nordeste e Norte, onde a receita despencou 47% e 37%, respectivamente
Para a CNA, o aumento do volume de desapropriações de terra fez os produtores rurais ampliarem os espaços produtivos de suas áreas
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação do governo federal com o ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural) caiu 18% nos últimos
dez anos no país, passando de
R$ 318,8 milhões em 1997 para
R$ 260,6 milhões em 2006.
A queda nacional foi puxada
por Nordeste e Norte, onde a
arrecadação despencou 47% e
37%, respectivamente. No Nordeste, o volume arrecadado
passou de R$ 34,9 milhões, em
1996, para R$ 18,2 milhões, em
2006. As demais regiões do país
também viram suas arrecadações caírem nesse intervalo
-Centro-Oeste (18%), Sul
(16%) e Sudeste (8%).
Entre os Estados, a maior
queda ocorreu no Ceará
(63,3%), seguido do Amazonas
(63%) e do Rio Grande do Norte (59%). Na outra ponta da tabela, próximos à estabilidade,
aparecem São Paulo e Paraná,
com quedas de 0,07% e 0,04%.
Somente o Distrito Federal obteve crescimento de arrecadação nesse período, com expansão de 29%.
Procurada por meio de sua
assessoria de imprensa, a Receita Federal não comentou a
queda de arrecadação do imposto. Para a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil), entre outros fatores,
o aumento do volume de desapropriações de terra fez os produtores ampliarem os espaços
produtivos de suas áreas.
Quando maior a eficiência de
uma área, menor o imposto a
ser pago pelo fazendeiro.
Os dados obtidos pela reportagem fazem parte de um calhamaço da Receita Federal entregue ao deputado Beto Faro
(PT-PA), em resposta a um requerimento com pedido de informações sobre o ITR.
Os valores foram atualizados
para dezembro de 2006 com
base no IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo).
"A tributação sobre a grande
propriedade fundiária seria um
instrumento essencial no auxílio da política de reforma agrária e também para o desenvolvimento rural ambientalmente
sustentável", afirma o deputado. "A ineficácia histórica da
aplicação do ITR e, mais recentemente, a possibilidade da
transferência desse tributo para os municípios criam dificuldades ainda maiores para a democratização da propriedade
da terra no Brasil", completa o
deputado, que promete trabalhar pelo "resgate" do ITR.
O objetivo do imposto não é
arrecadatório, ao contrário do
que cobram movimentos de
trabalhadores rurais sem terra.
A queda na arrecadação está
principalmente ligada à falta de
fiscalização e de cadastros nacionais confiáveis que possam
ser confrontados com as declarações dos proprietários.
O imposto é federal e sua arrecadação pode ser repassada
aos municípios que firmarem
convênios de fiscalização e arrecadação com a União.
Os dados da Receita Federal
obtidos pela Folha também
apontam um ranking dos Estados que mais arrecadaram com
o ITR entre 1997 e 2006. São
Paulo aparece no topo da lista,
com 20,6% (R$ 538 milhões)
dos R$ 2,6 bilhões arrecadados
entre 1997 e 2006. Atrás, cada
um com 11% do volume nacional, aparecem Paraná, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul. No
final da lista estão Distrito Federal (0,19%), Acre (0,13%) e
Roraima (0,10%). O Sudeste
concentra 34,8% do arrecadado, seguido de Centro-Oeste
(26%), Sul (25,6%), Nordeste
(8,9%) e Norte (4,6%).
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