São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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EM TRANSE

Alguns fundos terão ganho imediato entre 1,5% e 2%, dizem analistas

Medida vai reduzir perdas de rentabilidade de fundos

ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

A vida dos investidores de fundos DI e de renda fixa deverá ficar um pouco mais tranquila a partir de agora. Com as medidas anunciadas ontem pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as fortes oscilações dos ganhos dos fundos deverão ser reduzidas. E as chances de que essas aplicações voltem a ter perdas de rentabilidade diminuem.
Alguns gestores chegaram a estimar que alguns fundos terão um ganho de rentabilidade imediato, entre 1,5% e 2%. Outros acharam que ainda é cedo para fazer esse tipo de estimativa, principalmente porque ainda há muitas dúvidas sobre as novas medidas. Todos concordam, no entanto, que, pelo menos, as rentabilidades dos fundos passarão a oscilar menos. Por isso, a onda de saques-que já tirou R$ 57 bilhões do mercado de fundos desde março deste ano, segundo dados do site Fortuna- deverá ser freada.
Para Maurício Zanella, diretor de derivativos do banco Lloyds TSB, os investidores que já deixaram os fundos não devem voltar. Mas, pelo menos, o ritmo dos saques diminuirá a partir de agora. "O medo dos pequenos investidores vai continuar. Mas a medida deverá, ao menos, estancar a saída de recursos", disse Zanella.
Segundo Marcelo D'Agosto, da InvestMate, consultoria de investimentos pessoais, se os deságios dos títulos públicos voltarem a cair, a confiança dos investidores nos fundos tende a se recuperar.
Os tormentos dos investidores haviam começado em maio, quando mudaram as regras de contabilidade dos fundos de investimento pelo governo. Os gestores tiveram de adotar a chamada "marcação a mercado", pela qual os ativos das carteiras dos fundos -como títulos públicos- passaram a ser avaliados pelo seu preço de mercado.
A decisão foi considerada uma medida certa, na hora errada. Trouxe mais transparência para os investidores, mas em um momento péssimo, quando os títulos públicos -que compõem as carteiras dos fundos- estavam muito depreciados. Isso provocou perdas imediatas de rentabilidade de até 5% de uma só vez e originou uma verdadeira debandada dos fundos.
Agora, o BC recuou e as regras de contabilidade das LFTs com resgate em um ano ou menos voltaram a ficar mais flexíveis. Na prática, os gestores poderão voltar a avaliar esses papéis com base nos juros esperados para eles, e não pelo seu preço de mercado. Segundo analistas, isso, no mínimo, fará com que a forte oscilação nas rentabilidades dos fundos diminua. Mas a principal contribuição para a recuperação da rentabilidade dos fundos deverá vir da recompra de LFTs que o BC anunciou, avaliam analistas. Isso tende a fazer com que os preços desses papéis se recuperem e terá um efeito positivo na rentabilidade da parcela das carteiras dos fundos que continuarão sendo marcadas a mercado.


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