São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PIB da zona do euro tem primeiro recuo

Afetada pela valorização da moeda e pela desaceleração mundial, economia do bloco teve queda de 0,2% no segundo tri

Recessão é possível, dizem analistas, mas queda dos preços do petróleo e recente desvalorização do euro podem reanimar economia

DA REDAÇÃO

A economia da zona do euro sofreu uma contração pela primeira vez desde 1995 (quando a agência oficial de estatísticas do bloco começou a reunir os dados). Depois de um começo de ano surpreendente, as economias dos 15 países que usam o euro ficaram enfraquecidas pelo aperto de crédito global, pelo aumento nos preços de energia e pela valorização da moeda européia.
Com a contração, o bloco se une a Japão e Estados Unidos entre as grandes economias que tiveram resultados negativos nos últimos trimestres. No caso japonês, o recuo, de 0,6%, ocorreu também no segundo trimestre. Já a economia norte-americana teve queda nos últimos três meses do ano passado (-0,2% na taxa anualizada), mas se expandiu em 1,9% no segundo trimestre, ajudada pelas exportações e pelo plano de estímulo do governo Bush.
O PIB (Produto Interno Bruto) do bloco caiu 0,2% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, quando se expandiu em 0,7%. Na comparação com o mesmo período de 2007, a economia da zona do euro se desacelerou pelo terceiro trimestre consecutivo, para 1,5%. Até então, o pior resultado tinha ocorrido no segundo trimestre de 2003, quando a economia ficou estagnada. O PIB da UE, que reúne 27 países, recuou 0,1% de abril a junho ante o trimestre anterior.
Já a inflação no mês passado se manteve em 4% -0,1 ponto percentual menos que o previsto no final do mês passado.
A valorização do euro e a desaceleração do crescimento mundial reduziram as exportações da região, no momento em que a inflação mais acelerada dos últimos 16 anos corrói o poder de compra dos países filiados. O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, disse na semana passada que o crescimento será "especialmente fraco" até o final do terceiro trimestre. Os temores de uma recessão técnica (dois trimestres consecutivos de crescimento negativo) parecem bem fundamentados.
"A questão é determinar se [essa desaceleração] é uma reação reflexa a um choque inflacionário ou coisa mais séria", disse Gilles Moec, do Bank of America. "Por enquanto, não estamos vendo provas de que seja uma espiral de queda."
Os efeitos diretos da compressão mundial de crédito sobre a economia real continuam difíceis de discernir em países como a Alemanha. Com exceção da Espanha e da Irlanda, o colapso nos mercados da habitação tampouco representa séria preocupação ainda que haja sinais de oscilação no setor imobiliário francês.
Além disso, com os preços do petróleo tendo caído recentemente e o euro agora se depreciando de maneira firme, as perspectivas para a zona do euro podem se reanimar. As condições dos mercados de trabalho "continuam em larga medida favoráveis", afirmou o BCE em seu boletim mensal, divulgado ontem.
Mas divergências entre os principais países da zona do euro estão se tornando questão cada vez mais séria. Nos próximos meses, a França correrá mais risco de recessão do que a Alemanha, devido à deterioração no mercado de trabalho de país, disse Moec.


Com Bloomberg e "Financial Times"


Texto Anterior: Fábricas de bebidas terão de instalar contador de produção
Próximo Texto: Inflação nos EUA é a maior em 17 anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.