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VIRADA DO ANO
Entidade vai aumentar em até R$ 7 bilhões moeda nos bancos em dezembro para atender a saques
Bug já faz BC emitir mais dinheiro
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
MARCELO DIEGO
da Reportagem Local
O Banco Central vai aumentar
entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões o
volume de dinheiro disponível
aos bancos em dezembro para enfrentar uma eventual corrida de
saques de clientes com receio do
bug do milênio.
O risco não é só interno. Bancos
e agências de investimentos no
exterior consultados pela Folha
admitem que deve haver retirada
de dinheiro posicionado em países emergentes até o final do ano.
Alguns até recomendam isso.
O bug do milênio é uma eventual pane nos computadores na
virada do ano. Os programas antigos de computador indicavam o
ano com apenas dois dígitos, por
economia de memória. Em 1º de
janeiro, esses programas iriam indicar o ano como 00 (veja texto
nesta página).
Isso pode gerar uma série de
problemas. Para fugir deles, os investidores estrangeiros estariam
dispostos a tirar seu dinheiro de
mercados como o Brasil e colocá-lo em lugares mais confiáveis, como bancos norte-americanos.
Mesmo perdendo rendimento
ou até pagando taxas de saída
-no Brasil, há a cobrança da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira),
por exemplo-, o capital estaria
preservado de problemas operacionais.
Mesmo avaliando que o sistema
bancário já está protegido contra
eventuais panes na virada de 1999
para 2000, o BC preferiu se precaver contra fatores que não estejam sob seu controle direto.
Por causa do crescimento na
produção industrial e das vendas
do comércio no Natal, o BC sempre amplia em 20% o volume de
dinheiro disponível para os bancos em dezembro, segundo o
coordenador do programa do
bug do milênio na instituição,
Antônio Gustavo Matos do Vale.
Ele afirmou que, neste ano, o BC
fará um reforço de 25% a 30% sobre o saldo já alentado de dezembro. Em dezembro do ano passado, circularam R$ 23,550 bilhões,
na média dos saldos diários.
Informação
Ao mesmo tempo em que planeja ampliar a oferta de recursos,
o BC trabalha com os bancos em
uma campanha para informar a
população de que os trabalhos de
prevenção contra problemas na
virada do milênio estão fechados.
Neste fim-de-semana ocorre o
último grande teste, envolvendo
todas as instituições bancárias do
país. Três outros testes com bancos, que reúnem 85% dos ativos,
já foram realizados. "Não deu nenhum problema", disse Vale.
Um dos testes foi realizado na
câmara de compensações de Nova York, com a participação de
bancos de 19 países. Também foi
testada a adequação do sistema
para enfrentar o "buguinho" -a
virada de 28 para 29 de fevereiro
de 2000 (ano bissexto).
"Vamos fazer um esclarecimento, junto com a Febraban (Federação Brasileira das Associações de
Bancos), para mostrar que o dinheiro que dormir no banco na
virada do milênio estará lá no dia
seguinte", disse.
Segundo Vale, a oferta adicional
de recursos ao público em dezembro está em linha com o que o Fed
(banco central dos EUA) anunciou recentemente.
Duas providências foram tomadas no Brasil: o BC parou de destruir notas velhas e fez novos pedidos de fabricação de cédulas.
Até o final de setembro, o BC espera que todas as instituições financeiras não-bancárias (como
cooperativas e consórcios) tenham encerrado seus trabalhos
de adaptação ao bug.
Quando isso ocorrer, afirmou
Vale, 100% do sistema bancário e
não-bancário estará adaptado.
Hoje, como a adaptação das instituições não-bancárias ainda está
em andamento, o índice de adequação é de 95% das instituições,
ou 98% dos ativos do sistema.
Até o final de setembro, os fiscais do BC terão visitado e testado
todos os sistemas de informática
das instituições financeiras, segundo Vale. Ele diz que foram
destacados 50 inspetores exclusivamente para o trabalho, ou 10%
do quadro de fiscalização do BC.
As instituições deverão entregar
até dezembro os planos de contingência com as iniciativas em
caso de ocorrência de problemas
externos aos bancos. Uma das
medidas obrigatórias é os bancos
manterem um arquivo-reserva
com todo o movimento de dezembro, guardado em lugar separado.
"É pura precaução. Os bancos já
guardam todos os dados em uma
fita. Mas, se tiverem duas, será
bem melhor", disse Vale.
Apesar de já haver sinalização
no mercado, ele disse não acreditar em nenhum movimento de
saída de capitais estrangeiros do
país pouco antes da virada do
ano. "Estaremos mantendo contatos com investidores estrangeiros e com a imprensa especializada", disse.
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