São Paulo, quarta, 15 de outubro de 1997.




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PRÊMIO
Professores Robert Merton, Myron Scholes e Fischer Black desenvolveram novo método para avaliar operações
Modelo para derivativos dá Nobel aos EUA

das agências internacionais

Os professores norte-americanos Robert C. Merton, da Universidade de Harvard, e Myron S. Scholes, da Universidade de Stanford, receberam o Prêmio Nobel de Economia de 1997 pelo desenvolvimento de um novo método de avaliação das operações comerciais nos mercados futuros, os chamados "derivativos".
Os dois economistas trabalharam em conjunto com o professor Fischer Black, que morreu em 1995. Merton e Scholes vão dividir o prêmio de quase US$ 1 milhão, que será entregue numa cerimônia no próximo dia 10 de dezembro em Estocolmo, Suécia.
Segundo o informe divulgado ontem pela Academia Sueca, a nova metodologia abriu caminho para "avaliações econômicas em muitas áreas, propiciou novos tipos de instrumentos financeiros e uma administração mais eficaz dos riscos na sociedade".
Os derivativos são instrumentos financeiros cujo valor é "derivado" do valor de um ativo, como ações ou taxa de câmbio. Usando derivativos é possível criar mecanismos de antecipação de pagamentos ou rendimentos futuros.
Pode-se também delimitar a extensão de riscos envolvidos na variação de preços de um ativo ou mesmo de uma moeda. Esses mecanismos estão associados a contratos de opções: o titular tem o direito de comprar ou vender um ativo de acordo com uma avaliação definida antecipadamente.
Se esse direito não é exercido depois de um prazo especificado, o contrato de opção expira e o comprador da opção paga por isso.
Merton, 53, Scholes, 56, e Black, que morreu aos 55 anos, trabalharam ao mesmo tempo para resolver o problema da avaliação de opções de compra. Seus modelos tornaram-se o "feijão com arroz" das operações com derivativos nos mercados de capitais. Em 1973, Black e Scholes publicaram o que se conhece como o "modelo Black-Scholes".
Os esforços para avaliar derivativos tiveram início em 1900 com o matemático francês Louis Bachelier, seguido por muitos outros. Para a Academia Sueca, porém, nos vários modelos os riscos não eram avaliados de forma correta.
O valor de uma opção de compra ou venda de uma ação em Bolsa, por exemplo, depende do desenvolvimento incerto de seu preço até o momento exato em que o prazo se esgota e a operação se materializa.
A contribuição essencial de Black, Merton e Scholes foi demonstrar que essa incerteza não é um obstáculo à formação dos preços dos ativos.
Para escolher o melhor investimento, é preciso avaliar a flexibilidade das decisões a ele associadas. Isso vale tanto para as oscilações de valor de uma ação quanto para investimentos produtivos em setores onde podem ocorrer mudanças nos padrões tecnológicos ou energéticos, afetando radicalmente o valor das empresas.
Ao ser comunicado da premiação, Merton emudeceu. Depois, numa entrevista a uma cadeia de televisão de Massachusetts, Merton afirmou que o Nobel era "totalmente inesperado" e que quando atendeu à chamada telefônica de Estocolmo ficou em estado de choque, sem conseguir pronunciar qualquer palavra.
O Nobel de Economia foi concedido pela primeira vez em 1969, a pedido do Banco Nacional Sueco, sendo a mais jovem categoria da Academia Sueca.
Economistas dos EUA receberam 15 dos 18 Nobel concedidos desde 1980 a economistas.



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