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Para analistas, projeto de lei "preenche vazio"
SANDRA BALBI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A minuta do projeto de lei do
PPP (Parceria Público-Privada)
apresentada ontem pelo governo
preenche um vazio na área de investimentos em infra-estrutura,
segundo José Augusto Marques,
presidente da Abdib (Associação
Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base). "É um projeto
indutor do investimento porque
oferece garantias ao setor privado, até então inexistentes", disse.
O país precisa investir US$ 20
bilhões por ano em obras de infra-estrutura para eliminar gargalos em energia, transportes e outras áreas e viabilizar o crescimento econômico, segundo Marques.
"Hoje, isso só é possível de duas
formas: em uma, o Estado contrata a obra -e não paga em dia-,
na outra, ele dá concessão ao setor
privado para realizá-la", diz.
O PPP permitirá que as empresas busquem financiamento externo para os projetos e o governo
entre como parceiro no investimento ou garantindo o seu retorno. "Se o governo não tem recursos para construir uma estrada,
por exemplo, o setor privado toca
a obra e, depois, o governo complementa a receita do pedágio até
ela se tornar rentável", afirma
Marques.
No modelo de concessão estabelecido pelo governo Fernando
Henrique Cardoso, a garantia de
retorno do investimento era dada
por meio das tarifas.
"São dois modelos diferentes:
no de FHC, como o Estado não
tem recursos para atender à demanda por serviços, ele repassa o
negócio para a iniciativa privada,
regulamenta e fiscaliza. No modelo do PT, o governo é sócio do negócio", diz Adriano Pires, diretor
do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
Na análise do advogado João Piza, "houve uma mudança do modelo neoliberal para o modelo no
qual o Estado se torna parceiro da
iniciativa privada ao participar
dos investimentos e dos riscos".
Para Piza, o Estado participar
do desenvolvimento econômico é
a única maneira de o país voltar a
crescer de forma sustentada.
"Não conheço nenhum país do
Terceiro Mundo que tenha se industrializado sem a participação
do Estado. Os tigres asiáticos são
um exemplo", afirma Piza.
No entanto os empresários e
analistas dizem que o PPP, sozinho, não resolve a questão dos investimentos. "É preciso definir o
papel das agências reguladoras,
garantindo-lhes autonomia em
relação ao executivo, e o modelo
de regulamentação de cada setor
que norteará os investimentos em
energia, saneamento, transportes
etc.", diz Pires.
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