São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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TURBULÊNCIA

Núcleo da inflação nos EUA fica abaixo do esperado e ameniza preocupações com aperto monetário; dólar cai 0,53%

Mercado respira com risco menor de juro alto

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dados da inflação ao consumidor norte-americano, divulgados ontem, amenizaram as preocupações de um aperto monetário mais forte nos Estados Unidos. Assim, dólar e risco-país encontraram espaço para recuar.
A Bolsa de Valores de São Paulo chegou a operar em alta de 1,24%. Mas o mercado acabou por esfriar pela tarde, com as crescentes especulações em torno da corretora americana Refco e do fundo de investimentos Pinco. A Bolsa, depois de chegar a cair 2,64% no pior momento do dia, fechou com baixa mais leve, de 0,37%.
O envolvimento da corretora Refco em fraudes e a redução de suas operações gerou temor de que os emergentes sofram vendas mais pesadas de seus ativos.
No caso do Pinco, que é um dos maiores detentores de títulos brasileiros no mercado internacional, o fundo está passando por um troca de seus gestores. E isso criou especulações em torno da nova gestão, que não estaria interessada em ter uma posição muito elevada em emergentes, como acontece hoje.
Apesar dos temores, os efeitos negativos não foram sentidos expressivamente. O Global 40, um dos títulos da dívida brasileira mais negociados no exterior, subiu 0,98% ontem. O risco-país chegou ao fim das operações em baixa de 0,77%, a 388 pontos.
O dólar terminou o dia em baixa de 0,53%. No fim das operações, a moeda era vendida a R$ 2,245. E isso mesmo com o Banco Central fazendo seu já habitual leilão de compra de dólares.
Nos últimos dias, o receio de que a inflação norte-americana viesse muito pressionada e forçasse uma elevação mais forte dos juros no país vinha incomodando o mercado financeiro (e prejudicando os emergentes).
Para os investidores, o dado do núcleo da inflação ao consumidor apresentada ontem veio abaixo do temido, apesar de o índice cheio ser o maior em 25 anos, e permitiu a recuperação de parte das perdas registradas recentemente pelos ativos de emergentes.

Juros em baixa
Toda a volatilidade do mercado financeiro nas duas últimas semanas não alterou muito as expectativas do mercado financeiro para a reunião do Copom, que acontece na próxima semana.
Grande parte dos analistas afirma esperar por uma redução de 0,50 ponto percentual na atual Selic, que está em 19,50% anuais. Outra parcela relevante do mercado diz acreditar que a Selic cairá apenas 0,25 ponto.
Para a economista-chefe do banco UBS no Brasil, Victoria Werneck, a taxa Selic será reduzida para 19% e poderá haver cortes mais agressivos nos próximos meses. Com isso, a expectativa da economista é que a Selic estará em 17,75% anuais no fim de 2005.
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o dia foi de baixas. No contrato DI (Depósito Interfinanceiro) de prazo de resgate mais curto, a taxa caiu de 19,24% a 19,21%. O DI mais negociado, que vence em janeiro de 2007, fechou com taxa de 17,87%, ante 17,87% do pregão anterior.

Dias difíceis
O balanço da semana não foi dos melhores para a Bovespa. Seu principal índice recuou 0,67% no período. No mês, o Ibovespa está com perdas de 5,74%.
A ação PN da Telesp Celular Participações foi a que mais sofreu, entre os papéis mais líquidos do mercado, ao recuar 9,77% na semana.


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