São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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Petróleo pressiona inflação nos EUA

Richard Drew/Associated Press
Operadores da Bolsa de Nova York, que fechou em alta de 0,69%


DA REDAÇÃO
DE WASHINGTON


O elevado preço do petróleo no mercado internacional provocou uma alta do Índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos, que atingiu a maior taxa em 25 anos: 1,2% em setembro, ante 0,5% em agosto.
Descontados os grupos de alimentos e energia, o chamado "núcleo" do índice apresentou elevação de apenas 0,1% no período. Analistas esperavam alta de 0,2%. O índice é considerado importante pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), já que exclui os preços mais voláteis e permite uma análise melhor das pressões inflacionárias existentes.
O resultado do núcleo, aliado a outros indicadores da economia, deve consolidar a opção do Federal Reserve (banco central dos EUA) de escalada gradual da taxa de juros, que tem reflexos para o Brasil. Quando os títulos dos EUA, considerados os mais seguros, têm retorno maior, os investidores tendem a tirar dinheiro de emergentes como o Brasil, onde os títulos carregam maior risco.

Energia
Os gastos do consumidor com energia tiveram a maior alta desde que a medição começou a ser feita em 1957, chegando aos 12%. Só a gasolina subiu 17,9%.
Além do alto preço do barril no mercado internacional, parte da população norte-americana foi afetada por aumentos de gasolina nos dias que se seguiram à passagem dos furacões Rita e Katrina, no mês passado.
A falta de combustível devido aos furacões causou ainda interrupções na indústria, e o índice de produção industrial divulgado ontem surpreendeu analistas pela acentuada queda de 1,3% em setembro, a maior desde 1982.
Já a Universidade de Michigan divulgou seu índice de confiança do consumidor, máquina propulsora da economia norte-americana. Segundo a instituição, no início de outubro o índice estava em 75,4 pontos, ante 76,9 pontos em setembro. A previsão dos analistas era que o índice ficasse em 80 pontos em outubro.

Mercado
As Bolsas americanas subiram ontem puxadas pelo núcleo da inflação menor que o esperado. Os investidores parecem não ter se desanimado com o resultado fraco da produção e da confiança do consumidor, mesmo que esse último resultado possa sinalizar uma queda no consumo.
O principal índice da Bolsa de Nova York, o Dow Jones, teve alta de 0,7% e fechou a 10.287,34 pontos. Já a Bolsa eletrônica Nasdaq teve alta de 0,9% e terminou a 2.064,83 pontos.

Empréstimos longos
Domesticamente, os Estados Unidos também possui um componente preocupante sobre a questão de juros: eles afetam os longos empréstimos utilizados pela classe média norte-americana na compra de casas. Mesmo que discreta, a elevação nos juros determinada pelo Fed em sua última reunião, de 0,25 ponto percentual, para 3,75% ao ano, provoca aumentos de até 11% nas prestações da classe média, refreando o consumo.
Apesar de o Fed estar aumentando os juros desde junho do ano passado, os juros de longo prazo nos Estados Unidos continuam muito baixos. Isso tem levado a uma maior atividade no setor imobiliário e a altas nos preços das casas.
O movimento é considerado por alguns analistas como uma "bolha" que pode "estourar" e prejudicar a economia e o consumo nos EUA.

Com agências internacionais

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