São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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COMÉRCIO MUNDIAL

Secretário norte-americano diz que, enquanto a Alca está parada, país perseguirá pactos com outras nações

EUA querem acordos com a América do Sul

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutiérrez, deixou claro ontem que seu governo vai "perseguir" acordos bilaterais com países da América do Sul, entre eles o Uruguai, que participa do Mercosul, enquanto as discussões sobre a Alca (Área de Livre de Comércio das Américas) estão paralisadas.
"Estamos abertos, e adoraríamos ter um acordo com todos [os países] das Américas. Não podemos esperar e não fazer nada enquanto não tivermos um acordo. Então, no meio tempo, vamos perseguir acordos multilaterais e bilaterais. Se o Uruguai quiser iniciar discussões e tem um desejo, ficaremos muito satisfeitos em ouvir os países que queiram ter relações próximas de comércio com os Estados Unidos", afirmou o secretário.
Em entrevista a jornalistas latino-americanos no Centro de Imprensa Estrangeira -órgão ligado ao Departamento de Estado dos EUA-, Gutiérrez também sinalizou que deseja mais "entusiasmo" de países da região para os acordos comerciais desejados por Washington.
"A Alca é a meta principal. E esperamos, enquanto co-presidimos com o Brasil, conseguir progressos em direção a essa meta. Enquanto isso, vamos avançar com outras negociações multilaterais e bilaterais, mas a meta sempre foi o livre comércio nas Américas e esperamos que nossos parceiros tenham o mesmo entusiasmo que nós."
A adoção de acordos de livre comércio é uma diretriz estabelecida pelo presidente George W. Bush como forma de melhorar a vida dos mais pobres e de expandir a democracia no planeta. Além do Uruguai, os EUA também mantêm contatos freqüentes com o Paraguai, outro integrante do Mercosul, com vistas a aproximações estratégicas, militares e comerciais.
A posição incomoda o Itamaraty, que vê diminuir a influência brasileira na região, embora o fato não seja explicitado oficialmente por diplomatas.
O secretário evitou ontem anunciar publicamente o fim das negociações da Alca ou mesmo uma data limite para que o acordo seja firmado, algo paradoxal em relação à posição norte-americana de buscar acordos com diversos países do continente. Segundo Gutiérrez, os EUA continuam negociando os diversos acordos multilaterais, bilaterais e a Alca "paralelamente".
Depois de aprovar no Congresso a Cafta-DR (Área de Livre Comércio da América Central e República Dominicana), os EUA querem obter avanços nos cortes de subsídios agrícolas da União Européia e do Japão.
Para isso, apresentaram nesta semana a proposta de cortar subsídios internos para agricultores, na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) realizada em Zurique (Suíça).
"Doha é muito importante. E agora mesmo a grande prioridade, claramente, é a OMC. Queremos fazer progressos na OMC, expressamos isso. A OMC é a grande prioridade e ela vai indicar muitas outras iniciativas", afirmou o secretário.
Ele embarca amanhã para uma viagem de uma semana aos países representados na Cafta-DR -El Salvador, Honduras, Guatemala, Costa Rica, Nicarágua e República Dominicana- e depois participa da Cúpula das Américas, em Mar del Plata (Argentina), no início de novembro. Segundo ele, os EUA aproveitarão a oportunidade para obter progressos na Alca.


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