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COMÉRCIO MUNDIAL
Secretário norte-americano diz que, enquanto a Alca está parada, país perseguirá pactos com outras nações
EUA querem acordos com a América do Sul
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
O secretário de Comércio dos
Estados Unidos, Carlos Gutiérrez,
deixou claro ontem que seu governo vai "perseguir" acordos bilaterais com países da América do
Sul, entre eles o Uruguai, que participa do Mercosul, enquanto as
discussões sobre a Alca (Área de
Livre de Comércio das Américas)
estão paralisadas.
"Estamos abertos, e adoraríamos ter um acordo com todos [os
países] das Américas. Não podemos esperar e não fazer nada enquanto não tivermos um acordo.
Então, no meio tempo, vamos
perseguir acordos multilaterais e
bilaterais. Se o Uruguai quiser iniciar discussões e tem um desejo,
ficaremos muito satisfeitos em
ouvir os países que queiram ter
relações próximas de comércio
com os Estados Unidos", afirmou
o secretário.
Em entrevista a jornalistas latino-americanos no Centro de Imprensa Estrangeira -órgão ligado ao Departamento de Estado
dos EUA-, Gutiérrez também sinalizou que deseja mais "entusiasmo" de países da região para
os acordos comerciais desejados
por Washington.
"A Alca é a meta principal. E esperamos, enquanto co-presidimos com o Brasil, conseguir progressos em direção a essa meta.
Enquanto isso, vamos avançar
com outras negociações multilaterais e bilaterais, mas a meta
sempre foi o livre comércio nas
Américas e esperamos que nossos
parceiros tenham o mesmo entusiasmo que nós."
A adoção de acordos de livre comércio é uma diretriz estabelecida pelo presidente George W.
Bush como forma de melhorar a
vida dos mais pobres e de expandir a democracia no planeta.
Além do Uruguai, os EUA também mantêm contatos freqüentes
com o Paraguai, outro integrante
do Mercosul, com vistas a aproximações estratégicas, militares e
comerciais.
A posição incomoda o Itamaraty, que vê diminuir a influência
brasileira na região, embora o fato
não seja explicitado oficialmente
por diplomatas.
O secretário evitou ontem
anunciar publicamente o fim das
negociações da Alca ou mesmo
uma data limite para que o acordo
seja firmado, algo paradoxal em
relação à posição norte-americana de buscar acordos com diversos países do continente. Segundo
Gutiérrez, os EUA continuam negociando os diversos acordos
multilaterais, bilaterais e a Alca
"paralelamente".
Depois de aprovar no Congresso a Cafta-DR (Área de Livre Comércio da América Central e República Dominicana), os EUA
querem obter avanços nos cortes
de subsídios agrícolas da União
Européia e do Japão.
Para isso, apresentaram nesta
semana a proposta de cortar subsídios internos para agricultores,
na reunião da OMC (Organização
Mundial do Comércio) realizada
em Zurique (Suíça).
"Doha é muito importante. E
agora mesmo a grande prioridade, claramente, é a OMC. Queremos fazer progressos na OMC,
expressamos isso. A OMC é a
grande prioridade e ela vai indicar
muitas outras iniciativas", afirmou o secretário.
Ele embarca amanhã para uma
viagem de uma semana aos países
representados na Cafta-DR -El
Salvador, Honduras, Guatemala,
Costa Rica, Nicarágua e República Dominicana- e depois participa da Cúpula das Américas, em
Mar del Plata (Argentina), no início de novembro. Segundo ele, os
EUA aproveitarão a oportunidade para obter progressos na Alca.
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