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Restrição incomoda redes que querem crescer
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A cláusula que restringe a abertura de uma loja num raio de 2,5
quilômetros ou mais de uma outra
da mesma rede faz parte dos contratos comerciais da maioria dos
shopping centers.
Só que essa restrição, até pouco
tempo, não tinha importância para os lojistas, pois os shoppings
eram mais distantes uns dos outros e a própria loja não considerava um bom negócio ter um ponto-de-venda próximo do outro.
Com a multiplicação dos shoppings -e alguns deles estão bem
próximos (o Morumbi, por exemplo, está localizado em frente ao
Market Place)- e o crescimento
do mercado, lojistas começam a
considerar a cláusula incômoda.
"O comércio tem de ser livre para abrir loja onde quiser", diz Nabil Sahyoun, presidente da Alshop
(Associação de Lojistas de Shopping do Estado de São Paulo), que
lidera um movimento a favor da
eliminação da cláusula.
Segundo ele, o que era comum
até bem pouco tempo era a situação na qual o lojista procurava o
shopping para abrir a sua loja.
"Hoje, a situação é outra. O
shopping procura o lojista e para
se proteger de um concorrente força o proprietário de um ponto comercial a cumprir a cláusula."
A Alshop informa que a restrição
à abertura de lojas num determinado raio faz parte dos contratos
comerciais da maioria dos shoppings, mas tem informação de que
apenas o Iguatemi e o Morumbi
estão exigindo o seu cumprimento
com rigidez.
Para Henrique Falzoni, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), a limitação à abertura de um ponto
comercial próximo a outro é
"uma forma de proteger o lojista e
o shopping".
Ele diz que na negociação entre
os shoppings e os lojistas é muito
comum o comerciante pedir para
que o shopping não aprove a entrada de um concorrente.
"Isso é muito comum, por
exemplo, nas negociações com as
farmácias. Quando a reserva de
mercado é boa para o lojista ele
não reclama."
Waldir Chao, gerente-geral do
Iguatemi, que será investigado pelo Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) por suposta
imposição aos lojistas de cláusula
que restringe a concorrência, informa que o shopping "não está
impondo nada a ninguém".
"Um contrato comercial deve
ser cumprido pelas partes. Exceções precisam ser negociadas, pois
dependem dos interesses dos lojistas e dos shoppings", afirma Chao.
A Fotoptica, rede de 30 lojas das
quais 25 estão localizadas em
shoppings, considera que a limitação à abertura de lojas "não faz
sentido. O comércio deve abrir loja
onde quiser", diz Umberto Palhares da Silva, diretor.
Ele admite que quando a rede assinou contratos comerciais com os
shoppings não deu importância à
cláusula que limita a abertura de
lojas. "Hoje consideramos importante." Até agora, diz, a Fotoptica
não teve problema para abertura
de loja nos locais escolhidos.
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