JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O adiamento para 2004 da entrega de oito aeronaves já faz o mercado revisar para baixo as estimativas de desempenho da Embraer no quarto trimestre e, consequentemente, no ano.
Em 2002, a Embraer obteve um lucro líquido de R$ 1,179 bilhão e entregou 131 aeronaves. Até agosto, mantinha a projeção de entregar 132 jatos neste ano. Mas os pedidos de clientes para adiamentos de entrega e cancelamentos de compras a obrigaram a rebaixar para 110. Anteontem, ao anunciar os resultados do terceiro trimestre, nova revisão, para 102.
Nos nove primeiros meses deste ano, o lucro acumulado foi de R$ 307 milhões, 42% menor que os R$ 530,5 milhões obtidos no mesmo período do ano passado.
Analistas de bancos estimavam que ela encerraria 2003 com lucro de R$ 600 milhões, mas, após os resultados do terceiro trimestre, que apontaram queda de 53% no lucro líquido em relação a 2002 (de R$ 187,8 milhões para R$ 88,9 milhões), e os adiamentos da entrega do novo modelo 170, decidiram rever os números. "A Embraer tem capacidade de obter lucro de R$ 300 milhões em um trimestre, mas, no atual cenário, não. Este está sendo um ano nefasto para a Embraer", diz Pedro Galdi, analista do Sudameris.
Galdi argumenta que a Embraer, assim como outros fabricantes de aviões, permanece afetada pela reestruturação global no setor de aviação comercial.
"Vamos ter um resultado inferior no quarto trimestre em relação ao de 2002 e não se pode desconsiderar outros eventos, como variação cambial, se houver, que podem alterar o resultado", diz Emerson Leite, analista do CSFB (Credit Suisse First Boston).
O analista lembra que a Embraer entregará 32 aviões no último trimestre de 2003 -no mesmo período de 2002, haviam sido 41 aeronaves.

Adiamento
A Embraer negociou com duas de suas clientes, a Alitalia e a US Airways, o adiamento para 2004 da entrega de oito aeronaves modelo 170. As companhias seriam justamente as primeiras a receberem o jato, que tem capacidade para 79 passageiros.
O adiamento ocorreu porque a Embraer não obterá neste mês a certificação definitiva do avião no CTA (Centro Tecnológico da Aeronáutica) -ela recebeu anteontem apenas a certificação provisória. A certificação permanente só deve sair em fevereiro.
O certificado provisório permite que o jato seja usado para vôos de treinamento e teste de rotas. Dessa forma, a Alitalia, que adquiriu duas das aeronaves, preferiu tê-las no início de 2004, em um período mais próximo ao da obtenção do certificado definitivo. "Ainda negociamos com a US Airways a entrega de três aeronaves neste ano, para treinar os pilotos", disse Antonio Pizarro Manso, vice-presidente da Embraer.


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