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PERFIL
Quase metade dos pesquisados era chefe de família
Desempregados de SP andam a pé, não viajam nem compram roupa
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Grande parte dos desempregados na cidade de São Paulo vive
sem ir ao cinema ou viajar e evita
comprar roupas ou calçados.
Quando possui carro, deixa na garagem. Quem se locomovia de
ônibus, hoje -após perder o emprego- anda a pé.
É o que conclui uma pesquisa
divulgada ontem pelo economista
Márcio Pochmann, secretário
municipal do Trabalho de São
Paulo, realizada a partir de questionário por telefone com 402
pessoas -escolhidas aleatoriamente- à procura de trabalho.
Dos ouvidos pelo levantamento, 46,5% declararam ser chefes de
família. Cerca de 81,3% estão desempregados há mais de seis meses. Com o cruzamento dos dados, conclui-se que 37,8% dos desempregados responsáveis pelo
sustento da família estão sem trabalhar há mais de seis meses.
"O desemprego passou por
uma mudança preocupante. Ele
passa neste momento a ser estrutural, e não conjuntural", afirma
Pochmann.
Arrimo de família ou não, a
grande maioria dos desempregados, 86% dos pesquisados, respondeu que cortou lazer -ir ao
cinema, futebol, viagens ou restaurantes- ao ficar sem trabalho.
Roupas e calçados vieram em segundo lugar entre os gastos mais
descartados, com 84,8%.
Um percentual significativo
-65% dos entrevistados- afirmou que cortou gastos com
transporte (carro, ônibus, trem
ou metrô). "Quem sai para procurar trabalho gasta em média R$ 11
hoje. Isso porque, além de gastar
com transporte, gasta com alimentação, já que as filas para se
cadastrar em centrais, por exemplo, são longas", diz Pochmann.
O item menos limado do orçamento foi o gasto com a educação
dos filhos: escola particular ou
material escolar, com 24,9%. Gastos com produtos essenciais, como alimentação e plano de saúde
ou remédios, foram mais cortados: foram apontados por, respectivamente, 57,4% e 48% dos
ouvidos pela pesquisa.
"Há uma resistência grande em
reduzir gastos com educação. O
desempregado procura deixar isso para quando não há outro jeito", diz Pochmann. Apesar disso,
37,5% dos ouvidos trocaram os filhos de escola -81,6% para rede
pública e 18,3% procuraram escola particular mais barata.
Segundo levantamento dos institutos de pesquisa Seade/Dieese,
o desemprego na região metropolitana de São Paulo em novembro
foi de 19,9% da PEA (População
Economicamente Ativa).
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