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ARRECADAÇÃO
Receita recebeu R$ 280,3 bi no ano passado, resultado 1,85% inferior ao de 2002; mudança em lei gera R$ 1,88 bi
Mudança no PIS segura receita tributária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mudanças na legislação tributária em 2003, principalmente
no PIS, que geraram uma arrecadação de R$ 1,88 bilhão, ajudaram
o governo, num ano de baixo
crescimento econômico, a praticamente manter inalterada a receita com tributos federais em relação ao ano anterior.
A arrecadação anual da Receita
Federal sofreu uma pequena queda em relação a 2002, o que não
acontecia desde 1996. Foram arrecadados R$ 280,3 bilhões, um total 1,85% menor que o de 2002,
que foi de R$ 285,5 bilhões. O
crescimento econômico, que deve
ter ficado próximo de zero em
2003, também afetou a arrecadação dos dois principais termômetros do nível de atividade: a Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que
incide sobre o faturamento das
empresas e caiu 0,46% em relação
a 2002, e a CPMF, que caiu 1,15%.
O IPI teve queda de 13,29%, mas
seu desempenho foi influenciado
por uma onda de ações judiciais
contra o pagamento do imposto.
No caso do Imposto de Renda,
que teve redução de 5,53%, a retração também pode estar ligada
à situação da economia, já que
houve perda de renda em 2003.
Mas o principal motivo para a
redução da arrecadação total foi a
queda das receitas atípicas entre
os dois anos de mais de R$ 13 bilhões. Essas são as receitas que
não ocorrem todos os anos, como
o pagamento de atrasados pelos
fundos de pensão em 2002. O pagamento extra foi de quase R$ 10
bilhões naquele ano.
Levando em conta apenas as receitas típicas (impostos, contribuições recolhidos mensalmente), há um aumento de 3,27% na
arrecadação. O secretário-adjunto da Receita, Ricardo Pinheiro,
disse que esse acréscimo decorre
de maior eficiência da fiscalização
e das mudanças na legislação.
Questionado sobre o aumento
de carga tributária envolvido nos
números, Pinheiro explicou que
os valores não são significativos.
"A manutenção de carga prometida pelo governo não proíbe a
Receita de fazer ajustes para corrigir distorções", afirmou.
Uma das distorções corrigidas
em 2003 e que rendeu à Receita
R$ 2,2 bilhões foi a transformação
do PIS (Programa de Integração
Social) em contribuição não-cumulativa -não incide em todas
as fases da produção de um bem.
No aumento da alíquota do PIS
de 0,65% para 1,65% sobre o faturamento foi embutida uma tributação indireta de produtos importados. "Foi um aumento de carga
demandado pelo empresariado
nacional por causa do tratamento
diferenciado que era dado ao produto importado", disse.
A Receita Federal não considera
todo o aumento de arrecadação
do PIS como ganho permanente.
Segundo o governo, haverá uma
queda de receita à medida que os
empresários se acostumarem
com as regras do novo regime.
Além do PIS, também aumentaram em 2003 a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
das prestadoras de serviço e a Cofins paga pelos bancos.
Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), a arrecadação da
Receita passou de 18,05% em 2002
para 17,63% em 2003 com as receitas atípicas. Sem elas, essa carga aumenta de 16,68% para
17,13%. Ainda não é possível calcular o que aconteceu com a carga
tributária federal porque ainda
faltam dados das receitas do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Além disso, os cálculos feitos
para a arrecadação da Receita são
baseados em um PIB estimado
pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. O PIB de 2003
será divulgado em 27 de fevereiro.
O secretário da Receita, Jorge Rachid, disse que o compromisso do
governo em relação à carga tributária federal é manter o total de
2002. "Os dados mostram que estamos cumprindo a promessa".
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