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Governo reduz IPI para máquinas
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem a
redução da alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para 648 tipos de máquina
e equipamento industrial. Para
quase todos (643), o imposto caiu
de 5% para 3,5%. Para os outros
cinco, o IPI saiu de 12% para 8%.
O governo espera que a redução
seja integralmente repassada para
os preços, embora não haja nenhum compromisso formal com
a indústria de bens de capital.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard
Appy, afirmou que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva vai zerar
a alíquota do IPI sobre bens de capital até o final do seu mandato.
"O objetivo é completar o processo de desoneração dos bens de
capital até 2006", disse Appy, ao
divulgar o decreto presidencial
que fez o primeiro corte no IPI de
máquinas e equipamentos, assinado ontem por Lula.
A medida significará uma perda
de arrecadação com IPI de R$
1,020 bilhão, segundo o secretário
da Receita Federal, Jorge Rachid.
A redução da alíquota para bens
de capital, no entanto, será mais
do que compensada pelo fim do
crédito aos exportadores no pagamento do IPI.
Com a nova legislação da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o
exportador deixará de pagar a
contribuição e, portanto, não terá
mais créditos desse imposto para
descontar no pagamento do IPI.
A mudança deverá aumentar a arrecadação do IPI em R$ 1,1 bilhão.
Política industrial
A redução da carga tributária
para a compra de máquinas foi
anunciada como a primeira medida de política industrial do governo neste ano. "É o pontapé inicial", disse o coordenador do
Grupo Interministerial de Política
Industrial, Alessandro Teixeira.
"É uma política para a modernização da indústria", completou.
Segundo ele, até o dia 31 de março -prazo estabelecido pelo ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento)- será anunciada uma série de decisões "eficientes" e de "impacto" para a retomada dos investimentos no país.
De acordo com o secretário de
Desenvolvimento de Produção,
Carlos Gastaldoni, a redução do
IPI para máquinas reduzirá o custo dos investimentos, ajudará a
diminuir o risco-Brasil e as assimetrias entre preços de máquinas
produzidas no exterior e no país.
"Na maioria dos países que produzem bens de capital não há tributação sobre máquinas e equipamentos", disse. Para os três secretários e o coordenador da política industrial, a medida será importante para a retomada do crescimento no país. Os secretários
enfatizaram que a medida reduziu o imposto para máquinas e
equipamentos usados por pequenas e médias empresas e por indústrias que empregam um grande número de trabalhadores. "Vai
na linha da política de geração de
emprego", afirmou Teixeira.
Questionado por que o governo
não reduziu ainda mais o imposto, dado as expectativas positivas
sobre a atividade econômica,
Appy respondeu que há um problema fiscal. "O Rachid não deixaria", ironizou.
O custo total de zerar a alíquota
do IPI será de cerca de R$ 3 bilhões, estima Appy. O secretário,
porém, afirma que os ganhos com
o crescimento da economia compensarão a queda na alíquota.
Gastaldoni ressaltou que a redução, embora pareça pequena, faz
diferença na hora de um empresário tomar a decisão de investir.
"Pode viabilizar um investimento", afirmou ele, ao citar que muitas vezes o gasto com a compra de
máquina representa 60% do investimento inicial.
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