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COMÉRCIO EXTERIOR
Disponibilidade de financiamento para o comércio e empresas aumenta; juros também estão menores
Linhas para o Brasil crescem US$ 5,5 bilhões
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento da liquidez internacional, aliado a uma política econômica ao gosto dos mercados,
permitiu uma melhora do perfil
do endividamento externo do
país. Também aumentou a disponibilidade de recursos para as linhas de comércio exterior e para
o financiamento às empresas.
Segundo estimativa do Banco
Central, a disponibilidade de linhas comerciais cresceu US$ 5,5
bilhões no ano passado. "E o fluxo
continua neste ano, mas com taxas de juros bem menores", diz
Mário Mesquita, economista-chefe do banco ABN Amro.
Segundo Mesquita, as taxas cobradas em janeiro nos financiamentos à exportação estão muito
semelhantes às pagas pelo Chile,
país que é "investment grade"
(grau de investimento, nota conferida por agências internacionais
de "rating" a países que têm baixo
risco de inadimplência).
O Chile paga para financiar suas
vendas externas a taxa Libor mais
um prêmio entre 0,25% e 0,3% ao
ano. Já para o Brasil -que vinha
pagando de 2,8% a 3% ao ano,
além da Libor-, as taxas caíram
neste mês para níveis entre 0,4% e
0,6%%, segundo Mesquita.
Essas taxas são para operações
de financiamento à exportação
com prazo de 180 dias. Para operações nesse prazo, a Libor está
hoje em 1,35% ao ano.
Neste mês, segundo o diretor da
área de "trade finance" de um
grande banco local, começaram a
aparecer ofertas de linhas de prazos mais longos -entre 540 dias e
dois anos.
Segundo o executivo, os bancos
internacionais estão batendo nas
portas dos bancos locais oferecendo crédito de longo prazo para
financiar exportações brasileiras.
Como as taxas de juros no mercado internacional estão baixas,
essas instituições até se dispõem a
correr algum risco oferecendo financiamento de longo prazo às
exportações brasileiras, em troca
de uma taxa de juro mais encorpada. Nas operações acima de 540
dias, as taxas vão de 1% a 1,25% ao
ano, mais a Libor.
Vulnerabilidade
Outro dado da melhora do setor
externo é a redução do estoque da
dívida de curto prazo. Hoje, essa
dívida equivale a 44% do valor registrado em dezembro de 2002.
Segundo cálculo da área econômica do banco ABN Amro, a dívida externa de curto prazo está em
US$ 4,7 bilhões. Em dezembro de
2002, chegou a US$ 8,3 bilhões, e,
em setembro do ano passado, estava em US$ 6,4 bilhões.
A redução da dívida externa de
curto prazo resulta em uma tranquilidade cambial maior neste
ano, na opinião de Newton Rosa,
economista-chefe da Sul América
Investimentos. "O risco de saída
do capital de curto prazo praticamente desapareceu. O país não
está mais se financiando com esse
tipo de recurso", diz Rosa. No ano
passado, o setor privado captou
US$ 20,4 bilhões. Quase a metade
das captações foi feita por bancos
e por prazos de até seis meses.
Uma parte daquelas emissões
foi resgatada, e outra, refinanciada por prazos longos e taxas menores. Por isso, de setembro até o
final do ano passado, a dívida do
setor privado de médio e longo
prazos cresceu US$ 1,2 bilhão, segundo estimativa do ABN Amro.
Segundo os analistas, a busca
por financiamentos de médio e
longo prazos pelas empresas sinaliza uma preparação para a retomada dos investimentos.
O prazo médio das captações
feitas por empresas brasileiras no
exterior, que, em dezembro, era
de 122 meses, saltou para 217 meses em janeiro, segundo Luciana
Massaad, analista de dívida corporativa do ABN Amro. Em janeiro do ano passado, esse prazo era
de 55 meses.
"O prazo mais longo das operações indica que as captações destinam-se a investimentos. No ano
passado, as operações eram de
curto prazo e destinadas a obter
ganhos financeiros com o diferencial entre as taxa de juros interna e externa", diz Massaad.
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