São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Outra companhia pede a falência; comércio ajuda o grupo

Loja antecipa pagamento à Parmalat

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Redes de supermercados de São Paulo passaram a pagar de forma antecipada à Parmalat neste mês para ajudar a reforçar o caixa da companhia. Com contratos de fornecimento fechados, que garantem a entrega de produtos, as lojas concordaram em adiantar o pagamento em até um mês, segundo apurou a Folha.
Com recursos em caixa, a empresa ganha fôlego e pode arcar com as suas dívidas.
Ontem, uma nova empresa entrou com pedido de falência contra a Parmalat. Depois da Orlândia S.A, a Italplast Embalagens Plásticas fez a solicitação à 29ª Vara Cível de São Paulo. A Italplast é fornecedora de embalagens flexíveis para a multinacional, tem fábrica na zona leste de São Paulo e atende companhias como Nestlé, Unilever e Yakult. Ela fabrica 15 milhões de embalagens ao mês.
A Parmalat precisa pagar hoje o que deve às cooperativas de leite do Rio de Janeiro, segundo acordo verbal firmado pela empresa com os fornecedores. Até o momento, o grupo acumula débitos com 11 cooperativas do Rio.
Do valor total devido em novembro (R$ 2,3 milhões), R$ 700 mil já foram pagos. O restante, mais os débitos de dezembro (R$ 2,3 milhões) e janeiro (mais R$ 2,3 milhões), terão de ser depositados na conta dos fornecedores hoje.
Na quinta-feira passada, o presidente da subsidiária brasileira da Parmalat, Ricardo Gonçalves, prometeu ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, quitar a dívida no dia 16. O comunicado foi feito pelo ministro à imprensa.
Mas, em conversas reservadas no mesmo dia, a direção da empresa disse ao ministro que o débito só poderia ser quitado se a empresa conseguisse linhas de crédito com bancos.
"Já começamos a pensar em um plano B, caso a companhia não pague. Se isso ocorrer, a Parmalat corre sério risco de ter a entrega de leite paralisada", disse Rodolfo Tavares, presidente da Faerj (Federação de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro).
O vice-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Darc Costa, afirmou ontem que a crise da Parmalat, apesar de não trazer prejuízos ao banco, é um assunto "urgente, urgentíssimo". Isso porque envolve um grande número de fornecedores. A dívida do grupo com o banco (R$ 26 milhões) está sob fiança bancária.


Colaborou a Sucursal do Rio


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