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O RETORNO
Saída no auge da turbulência foi associada no mercado a crise bancária
Cláudio Mauch volta atrás na sua decisão de deixar o cargo
da Sucursal de Brasília
O diretor de Fiscalização do
Banco Central, Cláudio Mauch,
voltou atrás em sua decisão de
deixar o cargo, anunciada anteontem.
Com o recuo, Mauch passou
de diretor demissionário para a
condição de presidente-interino
do BC em menos de 24 horas.
Mauch voltou ao cargo para
tentar cortar as especulações do
mercado que ligavam a sua saída
a possíveis problemas que bancos estariam sofrendo com a
desvalorização da moeda nacional.
O novo presidente do BC,
Francisco Lopes, programou
viagem a Washington para este
final de semana, onde se reunirá
com autoridades do FMI (Fundo
Monetário Internacional) e do
governo norte- americano.
Mauch foi indicado para substituir Lopes, que também é presidente-interino do Banco Central. Gustavo Franco ainda não
se desligou do cargo. Embora
quem comande o BC hoje seja
Lopes, formalmente Franco está
apenas afastado em férias, até a
sabatina no Senado de seu substituto.
Turbulência
A saída de Mauch, anteontem,
ampliou as turbulências no mercado de câmbio, que já estava
nervoso devido à implantação
do sistema de bandas cambiais.
Anteontem, no meio da tarde,
Mauch desceu à sala de imprensa do Banco Central para comunicar a sua saída. Ele alegou motivos pessoais para deixar a diretoria, afirmando que estava já há
seis anos longe da família, que
mora em Porto Alegre (RS).
O mercado, entretanto, não recebeu bem a demissão de
Mauch, achando que seria a confirmação de boatos que circulavam desde a manhã sobre a hipotética quebra de bancos. O
mercado passou a registrar forte
queda.
Mauch foi obrigado a divulgar
nota afirmando que jamais
abandonaria o BC em meio a
uma eventual quebra de bancos.
O que colaborou para as especulações sobre quebra de bancos
foi a forma pouco firme com que
ele as negou. Mauch disse que o
sistema bancário é saudável e
bem capitalizado, o que descartava a hipótese de quebradeira,
mas ressaltou que casos individuais de perdas eram possíveis,
pois cada instituição tem sua
própria política.
Pinho
Ontem de manhã, logo após o
BC sair do mercado de câmbio, a
assessoria de imprensa da instituição comunicou que Mauch
decidiu ficar no cargo para afastar toda e qualquer especulação
sobre quebras de bancos.
Outro diretor que, segundo especulações, poderia deixar o BC
é o de Assuntos Internacionais,
Demósthenes Madureira de Pinho Neto, que era muito próximo de Franco.
Ontem, porém, Pinho Neto
participou da reunião que decidiu pela suspensão das bandas, o
que poderia ser um sinal de seu
prestígio no BC.
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