São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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O RETORNO
Saída no auge da turbulência foi associada no mercado a crise bancária
Cláudio Mauch volta atrás na sua decisão de deixar o cargo

da Sucursal de Brasília

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Cláudio Mauch, voltou atrás em sua decisão de deixar o cargo, anunciada anteontem.
Com o recuo, Mauch passou de diretor demissionário para a condição de presidente-interino do BC em menos de 24 horas.
Mauch voltou ao cargo para tentar cortar as especulações do mercado que ligavam a sua saída a possíveis problemas que bancos estariam sofrendo com a desvalorização da moeda nacional.
O novo presidente do BC, Francisco Lopes, programou viagem a Washington para este final de semana, onde se reunirá com autoridades do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do governo norte- americano.
Mauch foi indicado para substituir Lopes, que também é presidente-interino do Banco Central. Gustavo Franco ainda não se desligou do cargo. Embora quem comande o BC hoje seja Lopes, formalmente Franco está apenas afastado em férias, até a sabatina no Senado de seu substituto.

Turbulência
A saída de Mauch, anteontem, ampliou as turbulências no mercado de câmbio, que já estava nervoso devido à implantação do sistema de bandas cambiais.
Anteontem, no meio da tarde, Mauch desceu à sala de imprensa do Banco Central para comunicar a sua saída. Ele alegou motivos pessoais para deixar a diretoria, afirmando que estava já há seis anos longe da família, que mora em Porto Alegre (RS).
O mercado, entretanto, não recebeu bem a demissão de Mauch, achando que seria a confirmação de boatos que circulavam desde a manhã sobre a hipotética quebra de bancos. O mercado passou a registrar forte queda.
Mauch foi obrigado a divulgar nota afirmando que jamais abandonaria o BC em meio a uma eventual quebra de bancos.
O que colaborou para as especulações sobre quebra de bancos foi a forma pouco firme com que ele as negou. Mauch disse que o sistema bancário é saudável e bem capitalizado, o que descartava a hipótese de quebradeira, mas ressaltou que casos individuais de perdas eram possíveis, pois cada instituição tem sua própria política.

Pinho
Ontem de manhã, logo após o BC sair do mercado de câmbio, a assessoria de imprensa da instituição comunicou que Mauch decidiu ficar no cargo para afastar toda e qualquer especulação sobre quebras de bancos.
Outro diretor que, segundo especulações, poderia deixar o BC é o de Assuntos Internacionais, Demósthenes Madureira de Pinho Neto, que era muito próximo de Franco.
Ontem, porém, Pinho Neto participou da reunião que decidiu pela suspensão das bandas, o que poderia ser um sinal de seu prestígio no BC.



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