São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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VARIAÇÃO CAMBIAL
Pedro Malan e Francisco Lopes vão definir a política cambial do país depois de consultar o Fundo Monetário nos EUA
Regime deve ser decicido amanhã

da Sucursal de Brasília

O governo deve definir até amanhã à noite qual o regime cambial que vai vigorar a partir de segunda-feira. Se optar por manter a banda cambial, mecanismo que permite a variação do dólar num intervalo fixado pelo Banco Central, o governo deverá elevar o teto anterior, que era de R$ 1,32.
A outra opção que o governo tem é adotar o regime de câmbio flutuante. O ministro Pedro Malan (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Francisco Lopes, vão definir a nova política cambial depois de consultar o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outros organismos financeiros, em Washington, para onde viajaram ontem.
"Vamos explicar com clareza não só o que estamos fazendo e pensamos fazer nessa área, mas os avanços expressivos que temos tido na implementação do programa de estabilidade fiscal", disse.
Ontem, nenhum integrante da equipe econômica quis se pronunciar. Questionado se a política cambial seria mantida, o presidente do Banco do Brasil, Andrea Calabi, respondeu que sim, mas não esclareceu se estava se referindo ao sistema de bandas cambiais ou ao mecanismo adotado ontem.
O principal subsídio que a equipe econômica levará em conta em sua decisão, segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, é "a reação positiva do mercado (ontem) num quadro de liberdade de taxas".
Segundo Parente, a cotação final de ontem, de R$ 1,42 por dólar, "não é definitiva, mas é um indicador importante". "Não damos o assunto por encerrado, mas achamos que pode estar começando uma sequência de movimentos positivos, um círculo virtuoso."
Depois de um dia inteiro de reuniões, a equipe econômica chegou ao final do dia de ontem dividida entre as duas alternativas. Como ambas apresentam riscos para o Plano Real, o governo quer adotar uma medida que tenha respaldo internacional para não reduzir ainda mais a credibilidade do país.
Se optar pela manutenção do regime de banda cambial com as alterações feitas na última quarta-feira, o teto da banda deverá ficar próximo de R$ 1,42.
A decisão do BC de não intervir ontem no mercado de câmbio teve como objetivo preservar as reservas internacionais do país, disse Parente, após sair da reunião da equipe econômica com FHC, realizada à tarde. Na reunião, Malan fez um resumo do comportamento das Bolsas, das cotações e dos mercados externos. Segundo Parente, houve uma "sensação de alívio".
"O receio que muitos tinham de que pudesse haver uma enorme disparada da cotação (do Real) efetivamente não aconteceu. Isso representa uma confiança na nossa capacidade de termos, nessa área de câmbio, uma situação favorável para o desenvolvimento do país", afirmou Malan, ao sair da reunião.
O ministro disse que a política cambial com o ajuste fiscal e com austeridade vai propiciar a promoção das exportações e o desenvolvimento de produção doméstica competitiva com os importados.
Malan negou ontem que vá deixar o cargo, demonstrou confiança no desempenho do Real.



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