São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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APROVAÇÃO INTERNACIONAL
Fundo sabia da liberação antecipadamente
FMI apóia decisão do governo do país

MARCELO DIEGO
de Nova York

A direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou ontem que tinha conhecimento antecipado da decisão de liberação do câmbio brasileiro e apoiou a medida.
Segundo um porta-voz da entidade, o ato foi considerado uma "decisão sábia" e uma tentativa de acabar com a perda de reservas. O FMI negou que vá enviar uma missão para avaliar a economia brasileira nos próximos dias. Com a viagem do ministro Pedro Malan (Fazenda) e do presidente do Banco Central, Francisco Lopes, para Washington, as discussões serão realizadas na própria sede do FMI.
Malan e Lopes viajariam ontem à noite. Eles devem se encontrar com a direção do Fundo ainda neste fim-de-semana.
No encontro, o governo brasileiro e o FMI podem discutir a revisão de algumas metas estabelecidas para a liberação do pacote de ajuda de US$ 45 bilhões.
A ajuda é parcelada. A primeira parte já foi usada pelo governo brasileiro, e a segunda parcela vence em fevereiro.
Para ter direito ao dinheiro, o governo se comprometeu com o Fundo a cumprir uma série de metas, estabelecidas no programa de reforma fiscal.
Algumas das metas foram estabelecidas em dólar. Com a desvalorização do real, os objetivos podem ser recalculados.
O "The New York Times" publicou uma matéria ontem dizendo que o presidente dos EUA, Bill Clinton, e autoridades do FMI haviam aconselhado o governo brasileiro a liberar a flutuação cambial. Eles teriam dito que o governo não seria capaz de manter a desvalorização do real em apenas 8%, como foi fixado pelo BC na quarta-feira.
Ambos achavam que o Brasil teria que gastar muitos dólares para manter o câmbio.
Ontem, o porta-voz da Casa Branca Joe Lockhart disse que o presidente Clinton já havia entrado em contato com o governo brasileiro para tomar conhecimento da situação.
O medo dos EUA é que a crise atinja outros países. Por causa disso o FMI também informou ontem que os US$ 840 milhões de crédito a que a Argentina tem direito podem ser aumentados.



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