São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RECEITA ORTODOXA/OUTRO LADO

Febraban diz que a carga tributária alta, o compulsório e a dívida pública inflam taxa

Banco põe culpa de juro alto no governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para os bancos, os juros cobrados no Brasil são mais altos do que no resto do mundo por causa de distorções provocadas pelo governo. Entre os responsáveis pelo encarecimento do crédito são citados pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) a carga tributária, o recolhimento compulsório e a dívida pública.
O economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Roberto Luis Troster, afirma que, no caso da dívida pública, o problema está na taxa Selic, hoje em 17,25% ao ano.
Assim como os juros bancários, os juros básicos da economia, no Brasil, são os mais altos do mundo, e uma das explicações para esse fenômeno estaria na situação fiscal do país: o governo precisaria pagar uma taxa muito alta para rolar sua grande dívida.
Os juros pagos pelo governo, por sua vez, influenciam as taxas praticadas nas demais modalidades de crédito. Os bancos aplicam boa parte de seu dinheiro em títulos públicos -cuja remuneração acompanha a taxa básica- e só se dispõem a fazer empréstimos ao setor privado se a taxa cobrada for ainda maior do que a Selic.
Já os recolhimentos compulsórios se referem à parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central -53% dos saldos das contas correntes mantidas no país, por exemplo, devem, obrigatoriamente, ficar parados no BC.
O BC usa o compulsório para controlar o volume de dinheiro em circulação, mas os bancos reclamam que, se os recursos recolhidos fossem injetados na economia na forma de empréstimos, os juros seriam menores.
Segundo Troster, a carga tributária sobre operações financeiras também ajuda a inflar os juros bancários, pois se trata de um custo que os bancos acabam repassando aos seus clientes.
Para Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a questão dos compulsórios e da carga tributária realmente explicam parte dos elevados juros praticados no Brasil, mas ele diz que os bancos podiam ter aproveitado a melhora alcançada pela economia brasileira para reduzir suas taxas.
Levantamento do Iedi mostra que, desde 1996, o Brasil se mantém entre os países de juros bancários mais elevados. Em 1998, por exemplo, a taxa brasileira estava em 77,7% ao ano -já descontada a inflação-, a mais alta entre 15 países emergentes. O segundo lugar era da Colômbia, com juros de 23,9% ao ano.


Texto Anterior: Bancos do país cobram maior juro do planeta
Próximo Texto: Previdência libera crédito consignado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.