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RECEITA ORTODOXA/OUTRO LADO
Febraban diz que a carga tributária alta, o compulsório e a dívida pública inflam taxa
Banco põe culpa de juro alto no governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para os bancos, os juros cobrados no Brasil são mais altos do
que no resto do mundo por causa
de distorções provocadas pelo governo. Entre os responsáveis pelo
encarecimento do crédito são citados pela Febraban (Federação
Brasileira de Bancos) a carga tributária, o recolhimento compulsório e a dívida pública.
O economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos), Roberto Luis Troster,
afirma que, no caso da dívida pública, o problema está na taxa Selic, hoje em 17,25% ao ano.
Assim como os juros bancários,
os juros básicos da economia, no
Brasil, são os mais altos do mundo, e uma das explicações para esse fenômeno estaria na situação
fiscal do país: o governo precisaria
pagar uma taxa muito alta para
rolar sua grande dívida.
Os juros pagos pelo governo,
por sua vez, influenciam as taxas
praticadas nas demais modalidades de crédito. Os bancos aplicam
boa parte de seu dinheiro em títulos públicos -cuja remuneração
acompanha a taxa básica- e só
se dispõem a fazer empréstimos
ao setor privado se a taxa cobrada
for ainda maior do que a Selic.
Já os recolhimentos compulsórios se referem à parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central
-53% dos saldos das contas correntes mantidas no país, por
exemplo, devem, obrigatoriamente, ficar parados no BC.
O BC usa o compulsório para
controlar o volume de dinheiro
em circulação, mas os bancos reclamam que, se os recursos recolhidos fossem injetados na economia na forma de empréstimos, os
juros seriam menores.
Segundo Troster, a carga tributária sobre operações financeiras
também ajuda a inflar os juros
bancários, pois se trata de um custo que os bancos acabam repassando aos seus clientes.
Para Julio Gomes de Almeida,
diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a questão dos
compulsórios e da carga tributária realmente explicam parte dos
elevados juros praticados no Brasil, mas ele diz que os bancos podiam ter aproveitado a melhora
alcançada pela economia brasileira para reduzir suas taxas.
Levantamento do Iedi mostra
que, desde 1996, o Brasil se mantém entre os países de juros bancários mais elevados. Em 1998,
por exemplo, a taxa brasileira estava em 77,7% ao ano -já descontada a inflação-, a mais alta
entre 15 países emergentes. O segundo lugar era da Colômbia,
com juros de 23,9% ao ano.
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