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Impacto a consumidor será diluído
Alta na conta de energia ficará perto de 0,2%, segundo o governo, e virá na data de reajuste da distribuidora
Aumento dos custos da Petrobras deve chegar a quem consome gás natural ao término dos contratos vigentes, a médio prazo
Alan Marques/Folha Imagem
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Evo Morales (à esq.) e Lula no evento em Brasília que definiu novos termos do contrato sobre gás natural entre Brasil e Bolívia |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO
O consumidor brasileiro vai
pagar a conta do acordo do governo com a Bolívia, mas de
forma diluída -e não de imediato. Os consumidores de
energia elétrica, diretamente,
em forma de reajuste extra na
tarifa de luz. Os de gás natural,
de forma indireta, por conta do
aumento dos custos da Petrobras, que acabará chegando aos
preços finais do gás no país.
No caso do gás comprado pela Petrobras, o governo sustenta que não haverá repasse. "O
aumento não vai ser repassado
para o consumidor", disse o ministro Silas Rondeau (Minas e
Energia). A tese é a de que a estatal anulará o prejuízo ao vender às petroquímicas os componentes "nobres" do gás.
A Petrobras, porém, reconhece que não pode recuperar
esse custo no curto prazo e que,
para repor as perdas, terá que
investir. Isso será computado
nos custos da empresa e fará
parte do cálculo do preço do gás
vendido no mercado interno.
Ou seja, no médio prazo, ainda que de forma diluída e indireta, chegarão às distribuidoras, depois às indústrias ou termelétricas e aos consumidores.
A razão para que o repasse
não ocorra no curto prazo é que
existem contratos em vigência
entre a Petrobras e as distribuidoras de gás, que, por sua vez,
têm acertos semelhantes com
consumidores industriais.
No Estado de São Paulo,
principal consumidor de gás
natural do país, Comgás e Gás
Natural, duas das maiores distribuidoras, têm contratos com
a Petrobras até 2019 e 2014,
respectivamente. E a expectativa é que os contratos continuem a ser respeitados.
É o entendimento de Saturnino Sérgio da Silva, diretor do
Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp, que diz não esperar repasse às indústrias paulistas que consomem gás natural
porque a maior parte tem contratos de longo prazo.
"O impacto ao consumidor
será pequeno e diluído. Mesmo
se [o reajuste] chegar a novos
contratos, será referente a volumes adicionais de gás, não ao
volume hoje distribuído, já
contratado", explica Zevi Kann,
comissário-chefe da CSPE, a
agência reguladora dos serviços
de energia em São Paulo, responsável pelos reajustes.
Para Antonio Teixeira Mendes, da ABGNV (associação do
gás natural veicular), ainda é
cedo para dizer se haverá impacto ao consumidor. Ele, porém, diz que a Petrobras tem
meios de absorver os novos
custos e cita a economia da empresa com a redução das perdas
com gás nas plataformas.
No caso da energia elétrica, o
repasse é direto. A termelétrica
de Cuiabá (MT) teve o gás reajustado em 253% -de US$ 1,19
para US$ 4,20 por milhão de
BTU (medida de energia).
O preço da energia gerada pela usina subirá de aproximadamente R$ 110 por MWh (megawatt hora) para R$ 160 por
MWh. Como a usina faz parte
do sistema interligado de energia (todo o país menos a região
Norte), o aumento será rateado
por todos os consumidores.
Pelas contas do governo, o
aumento extra é considerado
pequeno e está estimado em
cerca de 0,2%, em média. O
custo do gás da termelétrica de
Cuiabá sobe a partir de abril e,
para o consumidor, chegará na
data do reajuste anual de cada
distribuidora.
(HUMBERTO MEDINA e MARCELO SAKATE)
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