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análise
Brasil busca mais influência na região
RAYMOND COLITT
DA REUTERS, EM BRASÍLIA
O acordo do gás é parte
de uma estratégia mais
ampla do Brasil para mostrar liderança regional e
construir uma esfera de
influência na América Latina via diplomacia.
Ele reflete dois objetivos de política externa
brasileiros. Um é defender
os interesses econômicos
das empresas multinacionais emergentes do país,
como a Petrobras, e acomodar nacionalistas como
Evo Morales numa aliança
de nações sul-americanas
de inclinações esquerdistas, liderada pelo Brasil.
"A Bolívia serve como
caso exemplar ao Brasil. O
país precisa controlar um
líder radical em sua vizinhança tanto em defesa de
seus interesses econômicos quanto para demonstrar sua liderança", disse
José Flávio Saraiva, da
Universidade de Brasília.
Ao oferecer a Morales
uma vitória que ele pode
alardear em seu país, o
Brasil também pode ter
eliminado parte da influência dos petrodólares
venezuelanos que o presidente Hugo Chávez vem
empregando para estabelecer a influência de seu
país sobre a região, em
competição com o Brasil.
Ao contrário dos EUA,
que estão insatisfeitos
com radicais como Morales e Chávez, a diplomacia
brasileira vem apostando
no diálogo e no envolvimento positivo para moderar suas atitudes.
"A idéia brasileira é estabelecer um eixo de moderação na América do
Sul", disse Saraiva.
O Brasil vem obtendo
menos sucesso em atenuar o ardor nacionalista
de Chávez, mas continua
mantendo estreita cooperação com a Venezuela.
O papel do Brasil como
intermediário regional para Washington provavelmente ocupará papel central na visita do presidente
George W. Bush ao país,
em março. Ainda assim, o
acordo sobre o gás pode
ser só uma solução interina para cisões cada vez
mais profundas entre os
esquerdistas da região.
Venezuela, Equador,
Bolívia e Argentina compartilham do ceticismo de
Lula quanto aos interesses
americanos. Mas um surto
de nacionalismo econômico pode continuar solapando os esforços de integração.
"A afinidade ideológica
entre as esquerdas latino-americanas é limitada",
disse Alcides Costa Vaz,
especialista em política
externa. "A retomada do
nacionalismo [econômico] é o maior obstáculo à
integração e aos interesses
regionais brasileiros", afirmou Vaz.
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