São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para compensar prejuízo, estatal precisa investir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobras não tem como recuperar, no curto prazo, o prejuízo que terá com a assinatura do acordo. Para se ressarcir, a estatal brasileira teria que fazer investimentos em uma nova fábrica, que pudesse decompor o gás boliviano.
Uma vez decomposto, a Petrobras repassaria para o mercado de gás natural só o metano, mais barato, usado na queima que produz calor e energia. Os componentes "nobres" -etano, gás de cozinha e gasolina natural- seriam vendidos ao mercado petroquímico.
O etano é usado na produção de plástico, e a "gasolina natural" pode ser transformada em nafta (outro insumo da petroquímica) ou na gasolina propriamente dita (veículos).
"A Petrobras ainda não tem uso para isso, mas pode vir a ter", disse José Sergio Gabrielli, presidente da estatal brasileira. "Isso exige a montagem de uma planta de separação, que demanda investimentos."
O próprio ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, reconheceu que não vai ser fácil recuperar o prejuízo. "A Petrobras vai ter que ser esforçar para empatar", disse.
O tamanho do prejuízo será variável e determinado por dois fatores: composição do gás natural enviado pela Bolívia (quantidade de elementos "nobres") e cotação dos elementos no mercado internacional.
Pelo acordo, todo o gás enviado pela Bolívia será analisado e medido, e os pagamentos adicionais serão calculados com base na quantidade de elementos nobres capazes de gerar mais de 8.900 KCal (quilocalorias) por metro cúbico.
No mercado de gás, os fornecedores geralmente fazem a separação antes de enviar o metano aos consumidores. E vendem os outros componentes, mais valiosos, separadamente.
No caso da Bolívia, o país não tinha estrutura para fazer a separação e enviava para o Brasil um gás "rico", ou seja, com os componentes mais valiosos.


Texto Anterior: Análise: Brasil busca mais influência na região
Próximo Texto: "Politicamente foi uma boa saída", diz Amorim
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.