São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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"Politicamente foi uma boa saída", diz Amorim

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento no preço que o Brasil vai pagar pelo gás boliviano não representa perdas para o Brasil, na avaliação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Segundo ele, as negociações foram técnicas e econômicas, mas feitas dentro de um quadro político que considera o fato de que é de interesse do Brasil que a Petrobras permaneça na Bolívia por um longo prazo.
"Não é um Fla-Flu, ou seja, o Brasil ganhou ou perdeu. Em uma negociação todos cedem, todos obtêm vantagens adicionais e há muitos aspectos a serem considerados que ultrapassam o curtíssimo prazo."
Para Amorim, vale mais para o Brasil pagar um preço mais alto no país vizinho e manter seus interesses estratégicos do que comprar gás natural liqüefeito por um preço ainda maior em outros mercados e ainda correr o risco de que um outro país aceite pagar preços mais altos pelo gás boliviano e, com isso, conquiste a prerrogativa de ocupar o espaço que atualmente o Brasil ocupa.
"O Brasil tem um grande interesse na estabilidade na Bolívia e em uma presença de longo prazo, inclusive na área do gás."
Ele afirmou que o Brasil não aceitou condicionantes para a visita de Evo Morales, mas nunca se negou a incluir a discussão sobre o preço do gás na pauta do encontro. Antes da visita de Morales, o governo boliviano disse que a viagem só se concretizaria se houvesse uma definição sobre o preço do gás.
"Politicamente foi uma boa saída. Foi um bom acordo para os dois países [...] Se o Brasil crescer 6% ao ano, como ser espera, naturalmente pode até não depender do gás da Bolívia. Se a Bolívia quiser vender o gás dela a US$ 8 a um outro comprador, pode vender, nós nunca vamos impedir isso, mas é bom dispor também dessa possibilidade [de comprar da Bolívia]."


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