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"Politicamente foi uma boa saída", diz Amorim
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento no preço que o
Brasil vai pagar pelo gás boliviano não representa perdas
para o Brasil, na avaliação do
ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Segundo
ele, as negociações foram técnicas e econômicas, mas feitas
dentro de um quadro político
que considera o fato de que é de
interesse do Brasil que a Petrobras permaneça na Bolívia por
um longo prazo.
"Não é um Fla-Flu, ou seja, o
Brasil ganhou ou perdeu. Em
uma negociação todos cedem,
todos obtêm vantagens adicionais e há muitos aspectos a serem considerados que ultrapassam o curtíssimo prazo."
Para Amorim, vale mais para
o Brasil pagar um preço mais
alto no país vizinho e manter
seus interesses estratégicos do
que comprar gás natural liqüefeito por um preço ainda maior
em outros mercados e ainda
correr o risco de que um outro
país aceite pagar preços mais
altos pelo gás boliviano e, com
isso, conquiste a prerrogativa
de ocupar o espaço que atualmente o Brasil ocupa.
"O Brasil tem um grande interesse na estabilidade na Bolívia e em uma presença de longo
prazo, inclusive na área do gás."
Ele afirmou que o Brasil não
aceitou condicionantes para a
visita de Evo Morales, mas
nunca se negou a incluir a discussão sobre o preço do gás na
pauta do encontro. Antes da visita de Morales, o governo boliviano disse que a viagem só se
concretizaria se houvesse uma
definição sobre o preço do gás.
"Politicamente foi uma boa
saída. Foi um bom acordo para
os dois países [...] Se o Brasil
crescer 6% ao ano, como ser espera, naturalmente pode até
não depender do gás da Bolívia.
Se a Bolívia quiser vender o gás
dela a US$ 8 a um outro comprador, pode vender, nós nunca
vamos impedir isso, mas é bom
dispor também dessa possibilidade [de comprar da Bolívia]."
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