São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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PESQUISA

Despesa mensal com tributos chegou a R$ 2,9 bilhões em 2002, contra R$ 2,1 bilhões despendidos em educação

Gasto com imposto direto supera educação

DA REPORTAGEM LOCAL

Só os impostos diretos, como IPTU, IPVA e Imposto de Renda, consomem quase R$ 2,9 bilhões dos R$ 62,7 bilhões de gastos mensais dos brasileiros, segundo pesquisa da Fecomercio SP e da Tendências com dados de 2002.
Ao final de um ano foram R$ 34,8 bilhões empregados para quitar essas pendências com o poder público. O montante supera os gastos com educação (R$ 2,1 bilhões por mês) e a soma de despesas com higiene e recreação e cultura (R$ 2,3 bilhões).
No ranking das principais despesas das famílias, os impostos ocupam a quinta colocação. O montante computado, porém, não leva em consideração os tributos embutidos nos preços e nos serviços. Estima-se que no preço das mercadorias à venda hoje, 30%, em média, equivalham ao valor pago em impostos sobre o produto.
Essas informações constam na base de dados ProConsumo, criada pela Fecomercio e a Tendências Consultoria com o intuito de analisar o mercado consumidor brasileiro.
É a classe de maior poder aquisitivo -que recebe acima de 30 salários mínimos- que paga essa conta. Segundo a Fecomercio, 52,9% dos gastos em impostos totais (os R$ 2,9 bilhões) são desembolsados pelos grupo dos mais abastados, a classe A.
Isso equivale, portanto, a R$ 1,5 bilhão dispensado todos os meses. Já o grupo que pertence à classe média brasileira (B e C) é responsável pelo pagamento de 31% e 9,3%, respectivamente, do montante total desses tributos diretos a cada mês.
Na base a pirâmide, a classe de menos renda, a E, paga 1,7% do valor total despendido em impostos diretos.

Consumo x imposto
Na tentativa de fazer uma correlação entre a informações, os técnicos compararam os gastos com consumo e com impostos. As despesas com impostos diretos no Estado de São Paulo (R$ 949,1 milhões) equivalem a 4,64% do gasto total com consumo na região (R$ 20,4 bilhões).
O Estado que tem a maior relação entre os dois indicadores é o Tocantins. A taxa é de 9%. Na análise da Tendências, isso pode ocorrer por conta de uma base de consumo muito baixa. Se os gastos com despesas básicas forem pequenos e os valores pagos em tributos forem altos, o percentual final acaba sendo elevado.
O Estado com a menor taxa é o Maranhão. Com 814,1 mil habitantes, de acordo com os dados de 2002, a região tinha na época 170 mil pessoas vivendo com até dois salários mínimos. Ao mesmo tempo, outros 150 mil eram considerados da classe A.
Com um nível de consumo baixo por conta da elevada pobreza da população -e com uma pequena parcela de habitantes pagando tributos-, a relação entre impostos e consumo é de apenas 1,69% (o oposto do Tocantins).
Além dos gastos com tributos, foram divulgados ontem as despesas por categoria, com base nos números do IBGE.
Os brasileiros gastam ainda a cada mês R$ 10,4 bilhões com alimentação, R$ 9,6 bilhões com transportes e R$ 3,3 bilhões com saúde.
Inferiores aos gastos com impostos, as despesas com educação somam R$ 2,1 bilhões mensais, enquanto cultura e recreação consomem R$ 1,2 bilhão da renda da população.
O gasto recorde é com habitação. São R$ 18,2 bilhões despendidos ao mês.
(ADRIANA MATTOS)


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