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PESQUISA
Despesa mensal com tributos chegou a R$ 2,9 bilhões em 2002, contra R$ 2,1 bilhões despendidos em educação
Gasto com imposto direto supera educação
DA REPORTAGEM LOCAL
Só os impostos diretos, como
IPTU, IPVA e Imposto de Renda,
consomem quase R$ 2,9 bilhões
dos R$ 62,7 bilhões de gastos
mensais dos brasileiros, segundo
pesquisa da Fecomercio SP e da
Tendências com dados de 2002.
Ao final de um ano foram R$
34,8 bilhões empregados para
quitar essas pendências com o poder público. O montante supera
os gastos com educação (R$ 2,1
bilhões por mês) e a soma de despesas com higiene e recreação e
cultura (R$ 2,3 bilhões).
No ranking das principais despesas das famílias, os impostos
ocupam a quinta colocação. O
montante computado, porém,
não leva em consideração os tributos embutidos nos preços e nos
serviços. Estima-se que no preço
das mercadorias à venda hoje,
30%, em média, equivalham ao
valor pago em impostos sobre o
produto.
Essas informações constam na
base de dados ProConsumo, criada pela Fecomercio e a Tendências Consultoria com o intuito de
analisar o mercado consumidor
brasileiro.
É a classe de maior poder aquisitivo -que recebe acima de 30
salários mínimos- que paga essa
conta. Segundo a Fecomercio,
52,9% dos gastos em impostos totais (os R$ 2,9 bilhões) são desembolsados pelos grupo dos mais
abastados, a classe A.
Isso equivale, portanto, a R$ 1,5
bilhão dispensado todos os meses. Já o grupo que pertence à classe média brasileira (B e C) é responsável pelo pagamento de 31%
e 9,3%, respectivamente, do montante total desses tributos diretos
a cada mês.
Na base a pirâmide, a classe de
menos renda, a E, paga 1,7% do
valor total despendido em impostos diretos.
Consumo x imposto
Na tentativa de fazer uma correlação entre a informações, os técnicos compararam os gastos com
consumo e com impostos. As despesas com impostos diretos no
Estado de São Paulo (R$ 949,1 milhões) equivalem a 4,64% do gasto total com consumo na região
(R$ 20,4 bilhões).
O Estado que tem a maior relação entre os dois indicadores é o
Tocantins. A taxa é de 9%. Na
análise da Tendências, isso pode
ocorrer por conta de uma base de
consumo muito baixa. Se os gastos com despesas básicas forem
pequenos e os valores pagos em
tributos forem altos, o percentual
final acaba sendo elevado.
O Estado com a menor taxa é o
Maranhão. Com 814,1 mil habitantes, de acordo com os dados de
2002, a região tinha na época 170
mil pessoas vivendo com até dois
salários mínimos. Ao mesmo
tempo, outros 150 mil eram considerados da classe A.
Com um nível de consumo baixo por conta da elevada pobreza
da população -e com uma pequena parcela de habitantes pagando tributos-, a relação entre
impostos e consumo é de apenas
1,69% (o oposto do Tocantins).
Além dos gastos com tributos,
foram divulgados ontem as despesas por categoria, com base nos
números do IBGE.
Os brasileiros gastam ainda a
cada mês R$ 10,4 bilhões com alimentação, R$ 9,6 bilhões com
transportes e R$ 3,3 bilhões com
saúde.
Inferiores aos gastos com impostos, as despesas com educação
somam R$ 2,1 bilhões mensais,
enquanto cultura e recreação consomem R$ 1,2 bilhão da renda da
população.
O gasto recorde é com habitação. São R$ 18,2 bilhões despendidos ao mês.
(ADRIANA MATTOS)
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