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Nível de renda causa concentração de consumo
PAULA LEITE
DA REDAÇÃO
A concentração do consumo no
Estado de São Paulo é explicada
pelo nível de renda mais alto da
população do Estado, causado em
parte pela especialização da região em atividades modernas.
Segundo Claudio Dedecca, do
Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), há sinais de reconcentração do PIB (Produto Interno Bruto) no Estado de São Paulo,
com condições de mercado de
trabalho e de remuneração melhores do que em outras regiões.
Leia a seguir entrevista de Dedecca à Folha.
Folha - Como se explica que o Estado de São Paulo responda por
32,6% do consumo do país e tenha
apenas 22,3% da população?
Claudio Dedecca - Isso tem a ver
com o nível de renda. Ocorre que
São Paulo ainda responde por
aproximadamente 40% do PIB
brasileiro. E o nível de renda em
São Paulo é mais elevado que a
média do país. De modo que,
mesmo com uma população proporcionalmente menor, a tendência é seu peso no consumo ser
maior. Não há nenhuma novidade aí, não é nenhuma surpresa.
Folha - São Paulo vem perdendo
participação no PIB, mas ainda
concentra grande parte do consumo. A tendência é aumentar ou diminuir essa concentração?
Dedecca - Nos anos 1970 e 1980,
havia sinais de redução do peso
do PIB de São Paulo no PIB brasileiro. Os anos 1990 sinalizam uma
certa inversão dessa tendência.
Mais do que isso, há sinais de uma
certa concentração de atividades
mais modernas em São Paulo,
num padrão de mercado de trabalho e remuneração mais favorável. A recuperação econômica
atual da economia tem uma marca muito crítica: a recuperação
dos setores agrícolas e agroindustriais fora do Estado de São Paulo.
Pode ser que isso possa inverter
esse movimento da década de
1990. É muito difícil dizer se há
tendência de concentração ou
desconcentração nesse momento.
Folha - A pesquisa destaca alguns
dados que mostram uma concentração de consumo de produtos de
luxo ou supérfluos na cidade de
São Paulo.
Dedecca - Há, claro, sinais de que
a cidade de São Paulo hoje ganha
especialização na área de serviços,
e com um setor de serviços muitas
vezes caracterizado por alta modernidade e valor. E, mais do que
isso, há uma tendência de encarecimento da cidade. De tal modo
que é como se o processo de reordenamento da cidade fosse depurando sua população. Mesmo
com alguns bairros de baixa renda em São Paulo, na verdade a
massa de população de menor
renda está fora do município.
Quando você faz uma análise de
consumo em São Paulo, pega provavelmente uma nata importante
do segmento de alta renda brasileiro, com alto poder de compra.
É razoável esperar que o consumo
de alta renda e considerado supérfluo tenha uma alta incidência
na cidade de São Paulo.
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