São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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TRABALHO

Empresários afirmam que mudança deve vir associada à nova legislação trabalhista, sob o risco de perda de investimentos

Reforma sindical vai aumentar custos, diz indústria

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem reforma trabalhista, a reforma sindical não sai. O recado foi dado ontem por representantes da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) durante seminário sobre a reforma sindical que reuniu, em São Paulo, 350 empresários.
Após criticar vários pontos do projeto enviado ao Congresso, o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, afirmou que, se a reforma sindical for feita de forma "dissociada" da trabalhista, as mudanças propostas no projeto podem aumentar os conflitos trabalhistas, elevar os custos da produção e até "afugentar" investimentos no país.
"As reformas são indissociáveis para o interesse do país. Ter entidades sindicais mais representativas e mais fortes exige um marco regulatório mais flexível. Do contrário, vamos estimular os conflitos e perturbar o ambiente de relações do trabalho", disse.
Um dos pontos que podem onerar o custo da produção, segundo os empresários, é a figura da substituição processual -o direito de um sindicato recorrer à Justiça em nome do trabalhador sem autorização prévia.
"Vai estimular mais conflitos, criar mais passivos e desvalorizar as empresas brasileiras. Poderá até afugentar investimentos no país, quando o investidor estrangeiro tomar conhecimento de que um sindicato pode, independentemente de quem represente, acionar uma empresa sobre qualquer assunto", disse Monteiro.
Para o empresário Jorge Gerdau, a substituição processual é "uma arbitrariedade inaceitável". Ele destacou que é importante manter a competitividade e não criar mais entraves para prejudicar a indústria nacional, ao se referir à representação no local de trabalho proposta na reforma. "As empresas precisam de operários profissionalizados, e não de funcionários politizados."
Roberto Ferraioulo, diretor da Fiesp, disse que a organização no local de trabalho será um "suicídio para as empresas. "Como se pode transferir o poder do comando da empresa para o sindicato?" O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho Almir Pazzianotto convidou o empresariado a boicotar a reforma. "Rejeitem a proposta. É inaceitável." Ao ser questionado se iria boicotar a reforma, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que será feita "uma articulação política forte nos corredores do Congresso". O Ministério do Trabalho não comentou o assunto.


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