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TRABALHO
Empresários afirmam que mudança deve vir associada à nova legislação trabalhista, sob o risco de perda de investimentos
Reforma sindical vai aumentar custos, diz indústria
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem reforma trabalhista, a reforma sindical não sai. O recado
foi dado ontem por representantes da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) durante seminário sobre a reforma sindical que reuniu,
em São Paulo, 350 empresários.
Após criticar vários pontos do
projeto enviado ao Congresso, o
presidente da CNI, Armando
Monteiro Neto, afirmou que, se a
reforma sindical for feita de forma
"dissociada" da trabalhista, as
mudanças propostas no projeto
podem aumentar os conflitos trabalhistas, elevar os custos da produção e até "afugentar" investimentos no país.
"As reformas são indissociáveis
para o interesse do país. Ter entidades sindicais mais representativas e mais fortes exige um marco
regulatório mais flexível. Do contrário, vamos estimular os conflitos e perturbar o ambiente de relações do trabalho", disse.
Um dos pontos que podem
onerar o custo da produção, segundo os empresários, é a figura
da substituição processual -o direito de um sindicato recorrer à
Justiça em nome do trabalhador
sem autorização prévia.
"Vai estimular mais conflitos,
criar mais passivos e desvalorizar
as empresas brasileiras. Poderá
até afugentar investimentos no
país, quando o investidor estrangeiro tomar conhecimento de que
um sindicato pode, independentemente de quem represente,
acionar uma empresa sobre qualquer assunto", disse Monteiro.
Para o empresário Jorge Gerdau, a substituição processual é
"uma arbitrariedade inaceitável".
Ele destacou que é importante
manter a competitividade e não
criar mais entraves para prejudicar a indústria nacional, ao se referir à representação no local de
trabalho proposta na reforma.
"As empresas precisam de operários profissionalizados, e não de
funcionários politizados."
Roberto Ferraioulo, diretor da
Fiesp, disse que a organização no
local de trabalho será um "suicídio para as empresas. "Como se
pode transferir o poder do comando da empresa para o sindicato?" O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho Almir
Pazzianotto convidou o empresariado a boicotar a reforma. "Rejeitem a proposta. É inaceitável." Ao
ser questionado se iria boicotar a
reforma, o presidente da Fiesp,
Paulo Skaf, disse que será feita
"uma articulação política forte
nos corredores do Congresso". O
Ministério do Trabalho não comentou o assunto.
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